Tudo começou com a ameaça da Renoldy, uma empresa de Alpiarça que compra leite a uma centena de produtores, de encerrar as portas. A culpa seria das cadeias de distribuição que lhes cortara as encomendas, importando leite excedentário da Polónia França ou a Alemanha. Depois a APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição acusaria a Lactogal de gerir um verdadeiro "monopólio" e abusar de posição dominante no leite nacional.
A FENALAC, a federação do sector leiteiro, desmentiu a APED dizendo que a Lactogal está a pagar o litro de leite ao produtor a 29,79 cêntimos e "se fosse realmente responsável por algum monopólio aproveitaria para pagar o mínimo possível, o que não é o caso". Agora é a própria Lactogal a reagir às "graves acusações" da APED, acusando-a de má fé.
O grupo leiteiro recorda que no passado foi detentor da Renoldy, na sequência da aquisição em 2006 à Dean Foods dos activos da Leche Celta em Portugal e Espanha. Mas, um ano depois, vendeu a empresa, cumprindo uma decisão da Autoridade da Concorrência, no âmbito de um processo em que a APED se assumiu como um dos opositores à aquisição da Renoldy. Só por má fé, diz o grupo leiteiro, a APED pode relacionar os problemas da Renoldy com a Lactogal.
Sobre alegadas atitudes monopolistas, a Lactogal diz que lida "anualmente com 900 milhões de litros de leite, representando 50% da produção nacional e detém uma quota de mercado de 60%, distribuída por várias marcas". No mercado "há mais cinco operadores com fábricas a produzir e, em Espanha há um grande número de empresas industriais, com liberdade de actuação no mercado português".
A Lactogal diz que suporta "reduções muito significativas nas suas margens" ao assegurar o escoamento do leite da produção dos associados, mesmo em períodos de excedentes de produção. Em 2008, o preço de compra à produção subiu 14%, mas, segundo a Lactogal, os seus preços de venda aumentaram em apenas 5%. Os preços médios em Portugal são 15% mais baixos do que os de Espanha, onde o mercado está pulverizado.
"A Lactogal e as restantes empresas leiteiras lutam com excedentes de matéria-prima a que têm de dar escoamento, com perdas elevadas. Não são nem as indústrias nem os produtores de leite os responsáveis pela entrada de leite excedentário noutros países, a preços destruidores de toda a fileira", acusa a Lactogal, numa referência directa à grande distribuição.
«Expresso»
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