Desde que, em 2002, começamos a publicar notícias que o incomodaram, que fez de O MIRANTE e dos seus jornalistas inimigos públicos. Custou-lhe ver o seu nome na praça pública acusado de corrupção e favorecimento. Nada que tivéssemos inventado e que outros jornais também não tenham noticiado.
Como éramos, e somos, os jornalistas de proximidade, aqueles que escrevem as notícias sobre as pessoas e não se escondem atrás das secretárias em edifícios com porteiro, levamos com todo o peso da raiva do homem mais revoltado de Alpiarça. O Príncipe Perfeito que, depois de ter conquistado a confiança do seu povo, resolveu abandoná-lo a meio do percurso para exercer um cargo de muitas e sabidas mordomias.
Uma história que nos deu e ainda dá muito trabalho.
O MIRANTE foi e continua a ser um jornal de referência em Alpiarça devido ao trabalho que sempre desenvolvemos naquele concelho quando começamos a alargar horizontes. Na altura fomos bem sucedidos, como já várias vezes escrevemos, por que as nossas notícias iam de encontro aquilo que os leitores esperavam de nós.
Durante muitos anos as páginas de O MIRANTE eram fotocopiadas e coladas nos postes da EDP para que as nossas notícias chegassem a toda a gente. Era uma altura em que a tiragem de O MIRANTE era mais pequena e a leitura do jornal era disputada nas colectividades da terra.
Com a derrota da CDU e a eleição de uma lista liderada por Rosa do Céu, O MIRANTE continuou a fazer o seu trabalho mobilizando para as reuniões do executivo vários jornalistas. Fizeram ali parte da sua tarimba alguns profissionais que ainda hoje trabalham na redacção, assim como muitos outros que, conforme entraram, logo saíram.
Com a vitória do PS em Alpiarça as notícias sobre política no nosso jornal começaram a ser menos interessantes. Raul Figueiredo, o último presidente da autarquia, era um político frágil, embora aparentemente uma excelente pessoa, mas dava pau e costas aos seus opositores políticos e contribuía para as notícias pouco simpáticas sobre o seu trabalho e sobre a força política que representava.
Com a vitória do Partido Socialista O MIRANTE perdeu em Alpiarça a força noticiosa que a polémica local gerava todas as semanas. Os comunistas derrotados baixaram os braços e Rosa do Céu sentou-se no trono cumprindo o sonho da sua vida que era ser presidente da câmara da sua terra. Como se verificou recentemente, abandonou o cargo de forma envergonhada e, à custa dos lobbies partidários, ocupa neste momento um cargo de gestor de luxo de uma região de turismo que dá muitas viagens e muito estatuto.
Rosa do Céu tomou posse no início de 1998 e até 2002 não me lembro que o nosso trabalho tenha provocado atritos entre os políticos locais. Até que em Novembro de 2002 a CDU, em comunicado, dá a conhecer um negócio supostamente comprometedor para o presidente da câmara e para uma empresa do pai do presidente da câmara.
Dar lucro ao Pai.
“Dar Lucro ao Pai” era o título de uma notícia de O MIRANTE publicada em Fevereiro de 2003. Tratava da venda de lotes pela Câmara de Alpiarça, por 40 mil euros, e a sua compra anos depois, a uma empresa do pai do presidente, por 262 mil euros. O caso deu origem a uma intervenção da Inspecção-Geral da Administração do Território que, no seu relatório, referia ter encontrado “indícios de natureza criminal” no processo.
Os lotes tinham sido vendidos pela câmara, em Abril de 1999, à Eurosinc por perto de 40 mil euros. Seis meses depois aquela empresa vendeu os espaços à Concene, uma empresa gerida pelo pai do presidente, por 50 mil. Em Dezembro de 2002 a autarquia comprou os lotes e pavilhões por 262 mil euros. O que estava em causa era o facto de a câmara não ter feito reverter os lotes a seu favor na altura do negócio entre as empresas, uma vez que a isso tinha direito.
Rosa do Céu não gostou de ler a notícia, apesar de ela ser verdadeira. Por essa altura já ele utilizava a expressão “massacre do jornalismo” para classificar a investigação dos jornalistas de O MIRANTE. Afirmava ele que não poderia ter feito reverter os lotes para o Município por desconhecer a compra efectuada pela empresa do seu pai, ou seja, que o pai nada lhe dissera apesar de saber que ele era presidente da câmara eleito para zelar pelos interesses do Município de Alpiarça.
O Ministério Público acabaria por arquivar o processo do negócio dos lotes por, citamos:”não se vislumbrar qualquer irregularidade ou nulidade” e também não ter constatado “qualquer vantagem económica ou outra” em proveito de quem quer que fosse. No entanto, não se coibia de arrasar a gestão de Rosa do Céu. “(…) a gestão, a organização e os demais procedimentos administrativos eram muito deficientes para não dizer outra coisa qualquer”.
Tudo isto foi noticiado por O MIRANTE. E a cada notícia crescia a animosidade de Rosa do Céu, para não dizer ódio, em relação ao jornal e aos seus jornalistas. As respostas a pedidos de comentários sobre o assunto raramente eram dadas. O presidente da câmara alegava estar a ser vítima de perseguição e mandava respostas por fax, do seguinte teor: “Serve o presente para informar V. Exª que não comentamos apreciações subjectivas de um jornalista”.
Na mesma reunião da assembleia municipal, realizada a 26 de Setembro de 2006, em que rejubilou por não ter sido acusado pelo Ministério Público dizendo: “Os Tribunais pronunciaram-se e chegou a hora da verdade e da justiça”. Insultou O MIRANTE e os seus jornalistas acusando-nos de publicação de “notícias falsas e injuriosas”, de “ataque maquiavélico” e de colaboração em “campanha difamatória, de desgaste psicológico numa estratégia elementar de procurar paralisar a acção do executivo”, entre outras coisas.
Rosa do Céu tinha apresentado queixa contra um jornalista de O MIRANTE por causa das notícias sobre o negócio dos lotes. Notícias que relatavam factos irrefutáveis. Como o Ministério Público arquivou a queixa considerando que O MIRANTE se tinha limitado a exercer o “legítimo direito de informar” e que nos textos publicados “nenhuma imputação de facto foi feita ao assistente que possa pôr em causa a sua honra e reputação”, Rosa do Céu fez justiça pelas suas próprias mãos e condenou-nos na praça pública.
Mas fez mais nessa reunião da assembleia municipal. Em vez de distribuir cópia do despacho de arquivamento do caso dos lotes, optou por revelar apenas as partes que lhe eram favoráveis, omitindo as referências do magistrado à sua “gestão deficiente”, “para não dizer outra coisa”. E como se sabe, são as acções que revelam o indivíduo.
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Joaquim Rosa do Céu: o Príncipe Perfeito
Lenine passou os últimos dias da sua vida a caçar rouxinóis à pedrada. As imagens estão num filme de um jovem realizador russo que mostra um Lenine de traços rígido e apopléctico. Levaram-no para um sítio na Crimeia, na Primavera, para a beira de um lago, ao sol, esperando que aí se sentisse bem. Mas os rouxinóis roubavam-lhe o sono todas as manhãs. Então certa manhã precipitou-se para o jardim e começou a perseguir os rouxinóis. Agarrou em pedras que lhes atirava. De súbito sentiu que não era capaz de levantar as pedras: paralisara. Era a vingança elegante - leve como um sopro - mas implacável, dos rouxinóis sobre o grande revolucionário, que não podia suportar o seu canto.
O relato vem no novo livro do escritor Imrer Kertész (prémio Nobel 2002) e serve às mil maravilhas para retratar o estado de espírito do ex-presidente da câmara de Alpiarça, Joaquim Rosa do Céu. No dia em que O MIRANTE publicou um texto sobre eventuais favorecimentos do ex-presidente da câmara ao seu pai, agente imobiliário com negócios no concelho onde o filho era o “manda-chuva”, O MIRANTE passou a inimigo público do autarca alpiarcense. O caso acabou em nada, como aliás acabam todos estes casos depois de muitos anos em tribunal. Mas O MIRANTE, no seguimento do que fizeram outros órgãos de comunicação social, não escondeu a notícia. Pelo contrário: demos a visibilidade que o caso merecia não deixando de fazer também, como é nossa prática, o contraditório. Mas as pedradas de Rosa do Céu contra O MIRANTE nunca mais pararam. Impotente para fugir aos jornalistas da casa que acompanham a vida política local e regional, Rosa do Céu porta-se como um Lenine da política quando as notícias não lhe agradam e perde a cabeça quando vê uma máquina fotográfica nas mãos de um jornalista de O MIRANTE.
Procurando responder a uma crónica publicada recentemente neste espaço, e a um texto publicado na secção Cavaleiro Andante, onde lhe chamamos o Príncipe Perfeito, Rosa do Céu publicou como publicidade paga no jornal O Ribatejo o mesmo texto ofensivo que recentemente também conseguiu publicar neste jornal com a ajuda de uma entidade reguladora ao serviço do PS de que Rosa do Céu faz parte.
Às críticas que lhe fiz, e faço, por ser um político medroso, calculista, paranóico, com a mania da perseguição, incapaz de ser solidário, movimentando-se no meio partidário como um gestor de luxo, um Príncipe Perfeito, Rosa do Céu respondeu com insinuações dirigidas à minha pessoa que se não fossem o espelho da sua personalidade seria caso para dizer que o homem está louco.
Depois da publicação do texto recebi uma dezena de telefonemas solidários de dirigentes do Partido Socialista da região, alguns deles de pessoas que se sentam nas mesmas tribunas políticas de Rosa do Céu. Não faço uso desses nomes por razões que os leitores compreenderão. Mas deixo o registo nem que seja para dar conta que ainda há gente séria e lúcida no PS, que sabe diferenciar as notícias e as opiniões das calúnias.
JAE
4 comentários:
Os Joaquins (o Emidio e o Rosa) no seu melhor. Estas comadres zangadas são uma maravilhosa dádiva, dizem tudo o que sabem e não sabem sobre os podres de um e do outro.
Deviam era estar presos e não andar aqui a dizer badalhoquices que envergonham o cargo de presidente da câmara de Alpiarça e de jornalista.
É hora de mudança, de se fazer política para as pessoas e não para mafiosos e mentirosos.
Esqueçam estes tipos que nos envergonham.
O Mirante por intermédio de JAE escreveu muito nesta crónica para acabar por não dizer nada.
Ou seja: de tanto escrever acabou por não dizer nada porque o que escreveu já todos sabem e não prova nada para além de colocar em duvida a absolvição de Rosa do Céu.
Mas quem é JAE para pôr em causa uma sentença do tribunal?
JAE diz que Rosa do Céu é «refinadamente mentiroso». Mas não prova nem demonstra em parte alguma do texto, razões ou fundamentos para chamar «mentiroso» a Rosa do Céu.
Um jornalista, ainda por cima, director do jornal, chamar «mentiroso» a uma pessoa (Rosa do Céu) e não o fundamentar, em nada beneficia quem escreveu o texto como em nada dignifica o jornal. Antes pelo contrário.
Deste texto apenas se conclui que Rosa do Céu não morre de amores pelo Mirante e muito menos pelo seu director (JAE);
Deste texto também se conclui que JAE não morre de amores por Rosa do Céu.
Apenas ficamos matutando que algum ajuste de contas deve ter ficado por resolver entre os dois protagonistas.
Tudo histórias mal contadas que quem acabam por ficar mal na “Praça Pública” é o jornal Mirante (no meu ponto de vista) porque descarrega uma “vingança pessoal” em cima de quem também não deve ser «santo nenhum» mas que não tem ao seu alcance aquilo que JAE possui: um jornal, no qual é director e proprietário onde pode dizer tudo e até, chamar mentiroso a uma pessoa sem dizer as razões porque é mentiroso.
Do “Direito de Resposta” que recentemente que o Mirante foi obrigado a publicar e onde Rosa do Céu afirma publicamente que JAE intercedia junto do então actual presidente da câmara (Rosa do Céu) para publicitar no Mirante, neste texto de JAE nem uma palavra escreve.
Este tema, que está na causa do texto agora publicado, não tendo sequer uma frase a falar no que deu origem ao “direito de resposta” de Rosa do Céu.
Assim, dá muito que pensar!
Curioso não é, esta omissão?
Como leitor ignorante que sou também vou citar a JAE uma célebre frase de Lenine, quem nem só rouxinóis caçava à pedrada:
«Nem sempre se pode dizer a verdade»
Neste caso, JAE omite aquilo que não lhe convêm, ou seja: a questão da publicidade que Rosa do Céu escreveu no “Direito de Resposta” e publicado no Mirante.
Como JAE diz que Rosa do Céu é «refinadamente mentiroso» eu na qualidade de leitor também posso chamar mentiroso a JAE sem ter que o provar.
Basta ter um jornal que seja meu e logo tudo me é permitido.
Até um dia…
Este lavar de roupa suja que já envolveu o Noras e que fez um desmentido a Rosa do Céu, feito nesta altura só vem prejudicar a campanha da Sónia.
Porque não se cala o Quim?
Ainda não chega?
Aposentado; Presidente da maior Entidade de Turismo do País; a esposa com um dos cargos mais bem remunerados dentro de uma IPSS; os filhos com cargos públicos directa ou indirectamente ligados à política.Que mais quer o homem?
Não vê que as pessoas ao lerem estas patranhadas e sabendo que ele deu o seu apoio público à Sónia só a está a prejudicar?
Ninguém me convence que a Sónia não caiu no conto do vigário.
Engraçado o Mirante chamar mentiroso a Rosa do Céu por causa daquilo que disse no seu “Direito de Resposta”.
Rosa do Céu acusa o jornal e o seu director de andar a pedir publicidade para o jornal;
Rosa do Céu é ameaçado pelo director do jornal se «não colocar publicidade» no Mirante que lhe o jornal lha faz a vida negra.
É também engraçado que Rosa do Céu diga tudo isto no seu “direito de Resposta” e que o Mirante e o seu director neste artigo nem uma palavra usem para se defender, daquilo que Rosa do Céu o acusa.
Curioso!
Aprende-se na escola que quando nos acusam do que quer que seja, a primeira coisa que devemos fazer é defendermo-nos.
Neste caso, Rosa do Céu acusa o Mirante e o seu director, daquilo que está escrito no “Direito de Resposta” e nem o Mirante nem o director se defende das acusações.
Chama apenas «mentiroso» a Rosa do Céu porque escreveu as verdades que os próprios acusados não se defendem.
E é Rosa do Céu refinadamente um mentiroso?
Se alguém está a mentir neste filme, não deve ser Rosa do Céu.
Já a minha avozinha dizia: «quem cala consente»
Noutras palavras: afinal Rosa do Céu não mentiu, apenas disse a verdade.
Deixem-se rir….
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