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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Casa dos Patudos vai recuperar memória de José Relvas e Raul Lino

A Casa-Museu dos Patudos, da autoria do arquitecto Raul Lino, que guarda um dos mais ricos espólios artísticos do país, foi mandada erguer em 1902 pelo abastado proprietário agrícola José Relvas, que se notabilizou pela dedicação à causa republicana.

A Casa-Museu dos Patudos, da autoria do arquitecto Raul Lino, que guarda um dos mais ricos espólios artísticos do país, foi mandada erguer em 1902 pelo abastado proprietário agrícola José Relvas, que se notabilizou pela dedicação à causa republicana.
"Hoje, quando visitamos a Casa dos Patudos, só com muita dificuldade ficamos a saber quem foi José Relvas, porque na casa toda só se percebe que foi um grande coleccionador de arte e certamente uma pessoa muito rica", afirmou Fernando António Baptista Pereira, docente da Faculdade de Belas Artes que hoje fez uma visita guiada, no final do lançamento da obra de requalificação do espaço.
Por isso, no átrio da escadaria, onde a primeira conservadora do museu instalou, nos anos sessenta, uma "fantasmagórica exposição de arte sacra", deve, no seu entender, estar presente "a dimensão do homem, do político, do estadista, do homem de cultura e da própria obra de Raul Lino", como "introdução" para a "descoberta dos vários circuitos que a casa pode oferecer".
A obra hoje lançada, orçada em 2,55 milhões de euros, prevê uma "intervenção global a todos os níveis", para recuperar as áreas degradadas, abrir novas zonas expositivas, devolver os "circuitos tradicionais da casa", criar um Centro de Documentação e Investigação, e visa conseguir a integração na Rede Portuguesa de Museus.
A intervenção passa ainda pela criação de condições de acessibilidade para pessoas de mobilidade limitada, de uma recepção e de uma loja, que ajude na obtenção de receitas.
A criação de uma sala de reservas permitirá a circulação das peças, acabando com a situação actual em que "materiais de extrema fragilidade", como as tapeçarias, os desenhos e as aguarelas, estão expostos há 50 anos às mesmas condições de luz e oscilações de temperatura, sob risco de "danos irreversíveis".
Além da ideia da dimensão do homem que foi José Relvas, da informação sobre a obra de Raul Lino, da exposição do vastíssimo espólio artístico que reuniu, não só graças às possibilidades que advinham de ser um grande proprietário agrícola mas também das viagens que fez ao serviço da República, como diplomata, a casa tem que "mostrar como se vivia" lá dentro, segundo o especialista.
Para Baptista Pereira, os "vários circuitos" da casa têm que ser "lidos" pelo visitante, dando como exemplos o "circuito de serviços", que ligava os aposentos dos criados, no sótão, à cozinha, ou o "circuito da vida quotidiana, íntima," da família Relvas, com os quartos, a biblioteca e escritório, as salas de estar, ou ainda as "áreas públicas", com os grandes salões para as recepções, área "completamente separada do resto da casa, com um acesso próprio"
O projecto passa ainda pela recuperação dos jardins da Casa e pelo regresso aos olhos dos visitantes dos espólios resultantes das escavações arqueológicas realizadas há uns anos em Alpiarça e das peças de etnografia doadas pelos alpiarcenses ao município.
A antiga adega e o espaço actualmente utilizado para a realização de eventos irão acolher este pólo do museu, adiantou a presidente da Câmara de Alpiarça, Vanda Nunes.
MLL/Lusa

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