Os aeroportos e os aviões são o que eram os autocarros e as estações de camionagem aqui há umas dezenas de anos.
Lembro os “Capristanos” e depois os “Claras”, e a garagem nas Caldas da Rainha, onde havia um restaurante decente, nunca lá comi mas sei e vi, e um barbeiro de primeira.
Com vista para as camionetas, mas barbeiro, ou melhor barbearia, de luxo. Onde meu avô João ia, e me levava a mim também, muitas vezes. Na barbearia, como nas da Rua 1 de Dezembro em Lisboa, onde também íamos, havia, como era de bom-tom na época roliças manicuras.
Senhoras dadivosas que recebiam prendinhas e vendiam discretamente embalagens de “camisas-de-vénus”.
Escarradores de porcelana no chão e engraxadores. Ou, como escrevia O’Neil: “O senhor engenheiro engraxa ?
Não engraxo na Baixa”.
Agora tudo engraxa o engenheiro e não só, até entrarmos na baixa. Perdeu-se nos aeroportos muito do encanto rústico das melhores estações de camionagem, há outros encantos possíveis. Mas não obstante os desenvolvimentos tecnológicos, virados para a comodidade e a facilidade de acesso, tenho muitas vezes o sentimento de que só uma ténue linha separa civilização e barbárie nestes espaços.
É verdade, tenho viva a memória da história do Garton Arsh, lida há anos no Publico. Também o sinto. Sinto, sinto…
Por: João Soares, Deputado do PS na Assembleia
Lembro os “Capristanos” e depois os “Claras”, e a garagem nas Caldas da Rainha, onde havia um restaurante decente, nunca lá comi mas sei e vi, e um barbeiro de primeira.
Com vista para as camionetas, mas barbeiro, ou melhor barbearia, de luxo. Onde meu avô João ia, e me levava a mim também, muitas vezes. Na barbearia, como nas da Rua 1 de Dezembro em Lisboa, onde também íamos, havia, como era de bom-tom na época roliças manicuras.
Senhoras dadivosas que recebiam prendinhas e vendiam discretamente embalagens de “camisas-de-vénus”.
Escarradores de porcelana no chão e engraxadores. Ou, como escrevia O’Neil: “O senhor engenheiro engraxa ?
Não engraxo na Baixa”.
Agora tudo engraxa o engenheiro e não só, até entrarmos na baixa. Perdeu-se nos aeroportos muito do encanto rústico das melhores estações de camionagem, há outros encantos possíveis. Mas não obstante os desenvolvimentos tecnológicos, virados para a comodidade e a facilidade de acesso, tenho muitas vezes o sentimento de que só uma ténue linha separa civilização e barbárie nestes espaços.
É verdade, tenho viva a memória da história do Garton Arsh, lida há anos no Publico. Também o sinto. Sinto, sinto…
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