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segunda-feira, 22 de março de 2010

JUSTIFICA-SE PROVAS COMO O “TRIATLO DO RIBATEJO” EM ALPIARÇA?

Passada está a euforia do “Triatlo do Ribatejo”. Que se tenha em conta alguns comentários vindo de leitores que passamos a citar: «O que é que estas provas trazem de importante para o desenvolvimento local quando quem beneficia são os estabelecimentos hoteleiros da região, nomeadamente Almeirim?» porque na verdade «Os Alpiarcenses são prejudicados e os Restaurantes de Almeirim e Santarém "ganham o dia". Nem uma pensão ou hotel de jeito temos que albergue uma boa parte dos atletas». Outro leitor ainda propõe «que se deva exigir que as provas tenham protocolos com a restauração local. Um ticket-desconto, ou algo do género para os Restaurantes Alpiarcenses (que quisessem aderir) deveria ser "oferecido" conjuntamente com a inscrição. É o que se chama: fazer filhos em mulheres alheias!»
Vamos ao assunto:
Justifica-se a realização de provas do género do “III Triatlo do Ribatejo” em Alpiarça?
Está fora de questão a projecção que uma prova desportiva deste tipo trás para com Alpiarça. Mas às vezes não basta a projecção mas sim motivos interligados, talvez os mais importantes.
Vamos analisar alguns pontos cruciais e tendo como base os argumentos dos leitores:
O Triatlo contou com a participação trezentos atletas (foram mais, mas trabalhamos com números fáceis). Partimos do princípio que estes atletas trazem dois acompanhantes, logo estiveram em Alpiarça cerca de novecentas pessoas ligadas ao evento. Acrescentamos mais cem como familiares. Tivemos ontem em Alpiarça mil pessoas.
Mil pessoas que tiveram de se deslocar na véspera por causa da distância, tiveram de se alimentar e dormir algures, perto da localidade onde foi dado o início da prova, localidade esta que foi Alpiarça.
Estas mil pessoas mais os milhares de pessoas que assistiram é um “exército de gente” que tem de gastar muito dinheiro para dormir, comer e para despesas de lazer.
Alpiarça não tem capacidade para recolher cem pessoas quanto mais mil. Os participantes e acompanhantes tiveram que se alimentar e dormir nas redondezas cujo dinheiro ficou noutros concelhos quando na verdade as verbas gastas com a realização do evento e aplicadas em subsídios ou outras formas de apoio vieram dos cofres autárquicos que por sua vez se sustenta nas poucas obrigações fiscais dos empresários alpiarcenses.
São os alpiarcenses que pagam no concelho os seus impostos e taxas mas que não vêem nenhum retorno nestas iniciativas e muito menos conseguem rentabilizar o seu negócio
Facilmente se deduz, como disse um leitor: «estamos a fazer filhos em casas alheias».
Não estando em causa a projecção da prova está em causa o gasto das verbas dos cofres da autarquia que indirectamente são de todos os alpiarcenses. Estes tem o direito de opinar e criticar as decisões do executivo da Câmara.
Executivo este que antes de levar a efeito provas como o “III Triatlo do Ribatejo” deve preocupar-se com o desenvolvimento e crescimento do tecido empresarial do concelho para que os agentes económicos consigam criar condições comerciais a fim de poder receber “avalanches de gente” como a que esteve ontem em Alpiarça.
Aliás consta no Programa Eleitoral da CDU” o apoio aos «agentes económicos de Alpiarça para que em conjunto se crie estruturas para o desenvolvimento do comércio local».
Perguntaríamos a título de curiosidade: o executivo da CDU deu algum apoio aos empresários locais ou convidou os mesmos para que em conjunto encontrassem formas de contornar os prejuízos que daqui adviessem ou trabalharem em conjunto para que todos fossem beneficiados, especialmente o comércio alpiarcense?
Claro que não!
Os concelhos das redondezas estavam há meses preparados para esta “invasão de gente” coisa que não aconteceu por estas bandas porque procuramos a projecção quando na verdade deveríamos era criar condições para beneficiarmos dos resultados.
Um mal que já vem de trás mas que continuamos a ter dificuldade em aprender com os erros do passado.
O executivo da CDU deve-se preocupar é no apoio do comércio local e nos agentes económicos para que possamos ter no futuro condições como os outros concelhos para depois fazermos “festas” como o “III Triatlo do Ribatejo” de forma a que os “outros” deixem de«mandar os foguetes e nós que tenhamos de deixar de apanhar as canas».
Hoje, que já estamos mais calmos, depois da euforia de ontem, uma boa altura para todos os envolvidos e responsáveis no evento, incluindo o executivo camarário, visitarem os poucos comerciantes e empresários de restauração ouvindo as suas opiniões sobre o que se realizou que talvez fiquem envergonhados pelo que possam ouvir.
Somo “pequeninos” mas fazemos festas como fossemos “grandes”. Continuamos a viver no mundo do «faz de conta» e não passamos disto. Não temos onde «cair em pé» mas pelo menos «botamos figura».
Como recentemente acontecia no passado continua a acontecer no presente. Apenas meia dúzia de pessoas ou entidades são beneficiadas com estas iniciativas para os «outros chucharem no dedo».
Dificilmente conseguiremos sair desta “Aldeia do Astérix” que até no dia da prova alguns alpiarcenses quase foram impedidos de saírem de Alpiarça (ver comentários ou ler: HÁ VIDA PARA ALÉM DO DESPORTO E EM NOME DO DESPORTO NÃO SE DEVE IMPEDIR A LIBERDADE DE CIRCULAÇÃO
).
Eis a questão: Justificou-se todo este aparato desportivo e Alpiarça ganhou alguma coisa em termos comerciais?
Que cada um faça o seu juízo!

J.A.
Foto: «Jornal O Ribatejo»

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