A decisão de José Sócrates de proibir os candidatos a presidente de Câmara de se candidatarem às legislativas foi um balde de água fria no grupo parlamentar do PS.
A proibição de duplas candidaturas foi comunicada aos líderes das federações distritais, como consequência da polémica levantada nas europeias pelos casos de Ana Gomes e Elisa Ferreira - mas não se aplica nem a uma nem a outra.
Os presidentes das federações foram apanhados de surpresa e, embora nenhum discorde do princípio, vários contestaram a mudança de regras a meio do jogo - em particular aqueles que convenceram deputados a candidatarem-se, no pressuposto de que também seriam candidatos ao Parlamento. Renato Sampaio, Mota Andrade, Joaquim Raposo e José Junqueiro discordaram do timing da decisão, que, segundo soube o Expresso, também apanhou de surpresa o líder parlamentar, Alberto Martins.
Quinze deputados são apanhados pela mudança de regras e esta semana foi notório o mal-estar na bancada pela "falta de lealdade" de José Sócrates, nas palavras de um deles. Publicamente, dividiram-se entre o silêncio e as críticas ao modo como tudo aconteceu.
Sónia Sanfona (Alpiarça) e Leonor Coutinho (Cascais) foram as primeiras a contestar aquilo que Vítor Pereira (Covilhã) classifica como "decisão extemporânea". Helena Terra (Oliveira de Azeméis) considera o timing "pouco curial" e Miguel Ginestal (Viseu) nota que "teria sido preferível esta regra ter ficado definida no congresso, para haver regras iguais em todas as eleições" - opinião partilhada por muitos.
Segundo o Expresso apurou, Miranda Calha, coordenador autárquico, ajudou a convencer alguns candidatos a Câmaras difíceis com o pressuposto de que poderiam continuar em São Bento em caso de derrota. Questionado pelo Expresso, Calha rejeita essa responsabilidade: "Tratei das listas autárquicas, não das listas às legislativas ou às europeias."
«Expresso»
Sem comentários:
Enviar um comentário