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domingo, 12 de julho de 2009

Sónia Sanfona fez uma grande entrada na ribalta do mediatismo político

Num “mundo ideal”, recheado de países governados por partidos com maiorias absolutas, sempre que algum dos partidos na oposição tivesse a ousadia de exigir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, fosse sobre que assunto fosse, haveria sempre dois caminhos a seguir:

1. Se o previsível resultado do inquérito fosse simpático para o Governo da maioria, tudo bem, a CPI faria o seu caminho normal.
2. Se o previsível resultado do inquérito fosse antipático para o Governo da maioria, alguém, responsável pela propaganda do partido elaboraria previamente um “relatório”, que outro alguém ligado ao partido se encarregaria de apresentar no final da CPI e onde estariam vertidas as mais convenientes conclusões. Independentemente do que nela se tivesse passado, inquirido, ou esclarecido... e, evidentemente, independentemente da opinião dos deputados da oposição.

E pronto! Num “mundo ideal” o assunto estaria arrumado, já que é conhecida a indiferença olímpica dos cidadãos para com quase tudo o que se passa no Parlamento, incluindo, obviamente, as Comissões Parlamentares de Inquérito.

Então o que é que correu mal neste nosso “mundo imperfeito”, apesar da maioria absoluta? Foi o facto de, desta vez, a CPI ter dado nas vistas. Por ser sobre um caso que interessava os cidadãos. Pela prestação particularmente activa dos deputados participantes.
Pelo triste espectáculo a que o país assistiu, dado pelo Governador do Banco de Portugal, que pouco mais fez do que balbuciar desculpas para a sua incompetência e para a inoperância da sua supervisão. Pelo degradante espectáculo dado pelo “esperto” manda-chuva do BPN, que aproveitou as horas de reflexão passadas na cela, para organizar os seus apontamentos... e tão bem o fez que, já seguro dos nomes que pode arrastar consigo na queda, dá-se ao desfrute de ser arrogante e insolente perante os deputados.

Mesmo nestas condições, o Partido Socialista não entendeu que não passaria sem ser notada esta sua votação solitária, num “relatório” que lhe dá jeito.

Mesmo no meio de mais esta trapalhada “socrática”, ainda consigo extrair desta estória pelo menos três coisas positivas:

1. O termo “supervisão” deixa de estar ligado ao conceito de “ver muito bem”, passando definitivamente para o campo da ficção científica, como um dos super-poderes do Super-Homem.

2. A alta e bonita deputada Sónia Sanfona (“sereia”, a fazer fá nesta notícia) fez uma grande entrada na ribalta do mediatismo político, mesmo não tendo sido da melhor maneira, como “madrinha” do relatório do PS.

3. Toda esta conversa, trouxe para as televisões, jornais e revistas, a palavra “Sanfona”, nome desse extraordinário instrumento musical, que para além de ser um objecto fascinante, luta há muitas décadas para escapar à extinção, só o conseguindo à custa do amor à música tradicional por parte de alguns grupos europeus, nomeadamente, franceses, espanhóis e um ou outro de Portugal, com especial destaque para um dos seus grandes “apaixonados” e também reconhecido construtor, Fernando Meireles.
«Comentário de um leitor do «Jornal Alpiarcense»

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