Um conjunto de produtores leiteiros esteve concentrado frente às instalações da empresa de recolha de leite Renoldy, em Alpiarça, depois de «informações de última hora» apontarem para o encerramento da unidade no dia 15, por ausência de clientes.
Rui Moreira, do Movimento Mais Português, adiantou que a administração da Renoldy terá decidido encerrar por não se terem concretizado as expectativas geradas após a reunião promovida pelo ministro da Agricultura, a 29 de Junho, entre a empresa e representantes da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Sonae (Modelo e Continente) e Jerónimo Martins (Pingo Doce e Feira Nova).
«Nesse dia manifestou-se uma vontade imensa de viabilização da Renoldy e de olhar para os postos de trabalho quer da empresa, quer dos produtores que lhe vendem o leite, mas nada se verificou», afirmou o responsável do movimento, criado por um conjunto de produtores de leite para apelar ao consumo de produtos nacionais.
Após o encontro, o ministro Jaime Silva disse haver «espaço» para um entendimento entre a produção de leite e as empresas de distribuição de modo a encontrar «um equilíbrio nacional», enquanto a APED garantiu que 80 por cento do leite vendido nas grandes superfícies é de origem portuguesa.
Contudo, garantiu Rui Moreira à agência Lusa, desde então «não houve encomendas nenhuma», apenas se tendo concretizado uma compra do grupo Sonae - a quem a Renoldy vendia 75 por cento da produção - que, segundo o movimento, não terá passado de uma «manobra publicitária».
«A encomenda da Sonae chegou numa sexta-feira, às 20h, para que fossem entregues 58 camiões de leite (1,5 milhões de litros) nas segunda e terça-feira seguintes», disse, considerando que «pedir isto em dois dias denuncia uma tentativa de encontrar uma desculpa para permitir à distribuição dizer que quis comprar, mas a produção não conseguiu entregar».
De acordo com Rui Moreira, a Renoldy acabou por conseguir responder ao pedido da Sonae, mas, desde então, «não há mais uma única encomenda ou um único litro de leite agendado para ser entregue».
Acusando a grande distribuição de uma «estratégia de verdadeiro terrorismo comercial», o Movimento Mais Português exige do ministro da Agricultura «medidas concretas e efectivas junto da grande distribuição que permitam a viabilização da empresa e salvaguardem as dezenas de produtores e postos de trabalho em risco».
Em carta enviada a algumas dezenas de produtores a quem recentemente suspendeu a compra de leite, a Renoldy justifica a decisão com o «abandono quase geral» de que diz ter sido vítima por parte das empresas distribuidoras, «que preferiram passar a abastecer-se no estrangeiro, inclusive na longínqua Polónia».
«Nos primeiros quatro meses do ano em curso o suporte principal das nossas vendas era o grupo Sonae, que representava 75 por cento do nosso embalamento, sendo os restantes 25 por cento afectados aos grupos Jerónimo Martins, Auchan, Aldi Discout e Unimark».
Contudo, refere a empresa, o grupo Sonae reduziu as encomendas de 3.125 milhões de litros/mês para 2.700 milhões em Maio, não tendo em Junho comprado «qualquer quantidade de leite Marca 'E', cujas compras mensais rondavam os 2.500 milhões de litros».
«A situação tornou-se insustentável porque não podemos continuar a comprar leite que não podemos vender», sustenta a Renoldy, que se disponibilizou mesmo a vender o leite à Sonae a 39 cêntimos por litro, «com prejuízo directo», por se dizer ser este o preço «a que o leite na Alemanha e da Polónia é colocado nas lojas daquele grupo».
1 comentário:
A Srª Presidente da Camara também está ?
Os Candidatos do PS / Mar também estão ?
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