As situações mais graves de falta de médicos de família no Médio Tejo vivem-se nos concelhos de Abrantes, Constância, Entroncamento, Torres Novas e Ourém, este último considerado como o caso mais preocupante como resultado da aposentação de muitos médicos que nunca foram substituídos. Na Lezíria do Tejo a situação não é diferente, com os casos mais problemáticos a registarem-se nos concelhos de Alpiarça, Chamusca e Rio Maior.
Contactada por o MIRANTE, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) refere que a carência de médicos é sentida a nível nacional. “Não se trata de uma questão de organização, gestão, decisão, ou qualquer outra, mas sim uma questão de inexistência de médicos suficientes para preencher os quadros de pessoal dos Centros de Saúde” que se vai manter até 2013, diz Pedro Coelho dos Santos, da assessoria de comunicação da ARSLVT.
No Pego, Abrantes, a localidade está sem médico de família desde há um mês. A situação deve-se ao facto de duas médicas que ali prestam serviço se encontrarem ausentes ao mesmo tempo. Segundo o nosso jornal apurou, uma das clínicas esteve de férias durante quase todo o mês de Junho e, uma semana depois de ter regressado ao trabalho, meteu baixa, por motivos de saúde. Apenas trabalhou na última semana de Junho.
A outra médica que ali tinha ficheiro de utentes abandonou funções no início de Junho porque, alegadamente, se terá envolvido num conflito com um utente por se ter negado a passar uma receita médica. “Houve uma tentativa de agressão e a doutora achou que não havia condições para regressar e trabalhar aqui”, disse fonte da unidade a O MIRANTE.
De acordo com Leonel Neves, habitante local, a população do Pego tem agora que se deslocar ao Centro de Saúde de Abrantes e esperar horas para obter uma simples receita”. Em Montalvo, Constância, o médico foi acometido de uma doença grave mas mesmo assim tenta dar assistência aos utentes uma vez por semana. Já em Tomar, a carência de falta de médicos de família não está ser sentida pela população uma vez que a cidade conta com duas Unidades de Saúde Familiar, fruto do encerramento de algumas extensões médicas nas freguesias.
Segundo Manuel José Soares, a Comissão de Utentes de Saúde do Médio Tejo ( CUSMT) enviou uma proposta à ministra da Saúde onde apresenta uma solução para minimizar o problema, que receiam que se venha a agudizar ainda mais durante as férias dos clínicos. “Defendemos que seja criado um quadro legal, durante seis meses, no sentido de que os médicos que estejam aposentados possam vir a dar consultas, acumulando essa situação com a de reforma”, explica.
De acordo com a ARSLVT a estratégia para combater este problema passa por aguardar que as medidas tomadas nos últimos anos surtam efeito e que “o número de médicos com a especialidade de medicina geral e familiar passe em cada ano a ser superior ao número de médicos que se reformam, permitindo assim ultrapassar o deficit que se tem verificado nos últimos anos e que vai manter-se até 2013”.
Segundo a ARSLVT, até lá devem ser tomadas “medidas de urgência”, que passam por se estudar formas que permitam que os médicos que se reformam possam, se o quiserem, continuar a prestar serviço nos Centros de Saúde (medida que está já em estudo pelo Ministério da Saúde) ou pelo recurso a empresas que prestam serviço de assistência médica.
A adopção destas medidas de urgência e a criação de Unidades de Saúde Familiar tem, segundo a ARSLVT, permitido que a nível da região de Lisboa e Vale do Tejo, se verifique um aumento do número de utentes com médico de família. O responsável acrescenta que desde que existam médicos dispostos a trabalhar em qualquer Centro de Saúde ou Extensão de Saúde, “a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo tratará de estudar e assegurar a sua contratação”.
Desde que existam médicos dispostos a trabalhar em qualquer Centro de Saúde ou Extensão de Saúde, “a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo tratará de estudar e assegurar a sua contratação”.
« O Mirante»
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