OPINIÃO: De Reserva Cinegética a Quinta Pedagógica

Por: Sommer

A propósito de Barragem dos Patudos e do Eng.º Leonel Piscalho, ando por cá há uns bons anos e ainda me lembro que o pai da Reserva Cinegética, depois Zona Zoológica e actual Reserva Natural do Cavalo do Sorraia é também o meu amigo de longa data, Leonel Duque Piscalho.

Por sinal também me lembro que o sonho do Eng.º Leonel Piscalho que foi criar em Alpiarça um pequeno Jardim Zoológico e que ainda chegou a funcionar foi completamente aniquilado, com a venda, desaparecimento ou abate de todos os animais. Será mais um dos segredos de Alpiarça, a juntar a tantos outros como o roubo da vaca da Agroalpiarça ou o desaparecimento do cofre da câmara, ou que papéis foram parar ao fundo do malagueiro das Praias.

Lembro-me bem quem foi a autora numa das assembleias municipais que propôs a aniquilação da Zona Zoológica pela inexistência de licença para ter no local aquele tipo de animais. Ou seja ao invés de se tratar da legalização do espaço, optou-se pelo mais fácil, estragar de uma penada o que com tanto amor, desprendimento, carolice e carinho tinha sido construído por alguns. 

A ideia do PS na altura era acabar com "alguns privilegiados" que tinham os seus cavalos nas cavalariças da Zona Zoológica, como se as cavalariças não pudessem e não devessem de ser rentabilizadas pelo aluguer de espaços a quem quer manter o seu cavalo e não tem condições na sua casa. Um cavalo não é um cão que se abandone num canil. Um cavalo é um animal nobre e inteligente que para além de ter de ser cuidado necessita de ser montado, limpo, ferrado etc etc e isso faz-se em "hóteis" para cavalos, que poderia ser mais bem aproveitado na actual reserva.

Liquidada Zona Zoológica o braço direito do Rosa do Céu na altura, seu chefe de gabinete e "amigo", João Serrano teve a ideia de ali fazer nascer o "berço" da recuperação de uma espécie de fóssil vivo, uma raça de cavalos em vias de extinção, o cavalo do Sorraia. 

Tudo corria de feição ao princípio, a Reserva estava a ser um enorme sucesso, João Serrano estava a obter demasiado protagonismo e a ensombrar o seu chefe. Não pode ser, disse o maior. Então de forma absolutamente maquiavélica a câmara deixa de comprar feno e ração para os cavalos e enquanto pode João Serrano começa a PAGAR DO SEU BOLSO a ração para os animais, que emagrecem a olhos vistos. Evidentemente a ração era pouca, porque o homem não conseguia sustentar os cavalos. João Serrano acaba por se despedir, ludibriado pelo seu chefe e por um assunto que no máximo mereceria um ralhete.

Agora num programa eleitoral surge a ideia de uma quinta pedagógica para a Reserva do Sorraia. Mas está tudo doido? Essa Quinta Pedagógica está pensada e desenhada há muitos anos pelo João Serrano. Estão PLANTADAS ÁRVORES lá no local que integrariam essa Quinta. Mas tal como o sonho do Leonel Piscalho foi interrompido ao matarem ou desaparecerem com os animais da Reserva Zoológica, também o sonho do João Serrano foi interrompido por ensombrar o seu chefe, assim como foi interrompida A REFLORESTAÇÃO DA ZONA ZOOLÓGICA mandada executar pelo eng.º Raúl Figueiredo.

Aliás, indo mais fundo ao cerne da questão. É BOM LEMBRAR que onde hoje é a Reserva do Sorraia estava plantado um enorme eucaliptal que no último ano do seu corte fez reverter para a Fundação Relvas alguns milhares de contos (contos e não euros). A interrupção da reflorestação e apesar das receitas do Restaurante do Sorraia, penso que deixou não só a Reserva do Sorraia semi-nua, como a privou de um importante meio de obter receitas com a venda madeira e outros derivados da floresta entretanto não plantada.