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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CASIMIRA ALVES: A Fadista e “Embaixadora” de Alpiarça


“..O fado solta a alma de Casimira Alves quando os momentos sombrios a atormentam..”

Casimira Alves é uma alpiarcense que há muitos anos canta o fado e que sente um enorme orgulho da sua terra e das suas gentes. Tem sempre na sua face um ‘pingo de lágrima’ porque os seus sentimentos estão envolvidos pela sua alma e na sua entrega quanto canta o fado mas que acima de tudo tem um “coração do tamanho do mundo” para ajudar quem dela precisa.
A “Mirita” como também é conhecida nunca se esqueceu das suas origens. Recorda com emoção quando “passava a maior parte do tempo no campo” onde seus pais trabalhavam para depois estar quase trinta anos na França mas sempre com a esperança de um dia voltar à terra que a viu nascer para poder cheirar a terra das suas raízes, uma terra que Casimira ama de “alma e coração” como as suas gentes que tanto a estimam.
É nesta terra que a “Embaixadora” faz questão de brevemente apresentar o seu “CD” porque o local lhe faz recordar tempos que já não voltam.
  Foi no Cine-teatro de Alpiarça (hoje ‘Centro Cultural Bruno Ramiro’)   quando tinha os seus 7 anos que cantou pela primeira vez para o público e onde ouviu os longos aplausos que lhes deixaram profundas marcas e recordações.
Uma mulher sedenta de cantar. Os 28 anos em que esteve parada a saudade que sentiu de cantar fado devorou-a por dentro e a sua alma não lhe deu descanso até ao momento que voltou aos palcos e ao calor de quem a ouve.
O profissionalismo com que Casimira Alves se dedica ao fado tem contribuído muito para o seu sucesso. Sucesso este que a emociona e que a leva a entregar-se de corpo e alma para quem a escuta e gosta de a ouvir. Foi com esta entrega que no passado sábado a Mirita ouviu os aplausos de milhares de pessoas na ‘Arena de Elvas” depois de estar rodeada de cavalos e toureiros.
Um sucesso que fez com que já estivesse na companhia dos maiores nomes do espectáculo e actuasse em vários locais para além dos 5 espectáculos que já deu na França.
 Vamos conhecer e saber um pouco mais de Casimira Alves:
Passou a sua infância com seus pais na França. Foi lá que descobriu o “dom”  de cantar o fado?
A minha infância foi passada em Alpiarça. A maior parte do tempo no campo onde os meus pais trabalhavam. Só fui para França aos 13 anos de idade. O "dom"de cantar fado, chegou mais tarde. Na minha infância gostava-se de “Rock e yé-yé”
Fale-nos um pouco de si.
 Que posso dizer que possa despertar interesse nas pessoas para  além do que conhecem e sabem de mim? Sou eu, a Casimira, com várias facetas mas só uma, a minha
 Há quem diga que “cantar o fado” não se aprende, nasce com a pessoa. É verdade?
 Eu também creio que o fado nasce quando nasce uma pessoa (já diz o fado). Por muito que haja escolas de fado eu continuo a crer que dessas escolas saiem alguns bons cantores de fado. Ser fadista é expressar em canto o que nos vai na alma...
 Há quanto tempo canta a Casimira?
Comecei a cantar com 7 anos. Cantei até aos 13 anos. Durante esses curtos anos tive a oportunidade de representar Alpiarça e o distrito de Santarém no primeiro Festival da Canção Infantil (1972) no Palácio de Cristal do Porto. Depois tudo parou durante 28 longos anos. Quando regressei a Portugal, em 2003, estava sedenta e fui assistir a uma noite de fados que por boa ventura era uma eliminatória do concurso "à procura da voz para o fado" (projecto ‘Arribatejo’) que decorria no Café Central na Golegã. Nessa noite a minha prima inscreveu-me para a eliminatória do mês seguinte.   Fiquei apurada para a semi-final e depois de mesmo para a final. Desde então não parei.
 Onde foi a sua estreia?
Estreei a cantar aos 7 anos em Alpiarça no Cine – Teatro que hoje, é o Centro Cultural Bruno Ramiro e é por esta razão que farei a apresentação do meu CD neste sítio (místico) que tanto me diz, de uma maneira mais intimista.
 É verdade que a vida de fadista é a boémia?
 Não acho que a vida de fadista seja boémia. Era, sim, no tempo da Severa e do conde de Vimioso. Contudo temos de gostar muito para continuar pois o nosso sistema nem sempre dá para viver desta profissão tão portuguesa e nobre
 Tem sido acarinhada pelo povo alpiarcense onde a Casimira tanto tem cantado?
Sim muito acarinhada e é sempre com grande emoção e prazer que canto na nossa terra.
 Sabemos que está “magoada” com alguma pessoas de Alpiarça, quer falar sobre isto?
 É preferível não falar. As coisas menos boas da nossa existência temos de esquecê-las. Só temos de continuar a ser nós mesmos. Vincar a nossa maneira de estar na vida, se achamos que é a melhor ou que não estamos errados.
 Quantos CD’s já vendeu?
Já  foram vendidos 1250 CD's
 O que o fado significa na  sua vida?
 Significa muito mais do que possa ou saiba expressá-lo. Nos momentos sombrios da minha vida "ele" está presente e solta-me a "alma". Não sei bem como expressar o que sinto quando canto mas há um velho ditado:"quem canta, seu mal espanta"...
 Fadistas famosos com quem já cantou?
 Tive a felicidade e certamente o privilégio de partilhar o palco com grandes nomes seja em espectáculos ou noites de fado.
José Cid que me deu alento desde a minha primeira actuação onde participava como júri da noite e que me tem convidado a participar em vários espectáculos  (foi um grande privilégio). Depois o D. Vicente da Câmara (grande Senhor) João Ferreira Rosa, Lenita Gentil, Teresa Tapadas, Marco Rodrigues, Diamantina, António Pinto Basto, Anita Guerreiro entre outros.
  Em que espectáculos que já participou?
 Grande Gala do Fado de Lisboa (2º lugar); 5 espectáculos com José Cid (T. Novas, Constância, Cartaxo, Santarém, Aveiro); 5 espectáculos em França (La Bresse, Le Moulins de Brainans, Oyonnax, Castre, Lons-le-Saunier); Alpiarça -Festival do melão 2010 e 2011, Alpiagra 2010 e 2011; AgroVouga-Aveiro e este ultimo sábado em Elvas 
 Se alguém ou alguma entidade a quiser contratar entra em contacto consigo ou tem algum agente?
 Deve contactar comigo directamente é mais simples. Ter ‘agente’ seria bom se este se empenhasse em fazer o trabalho de ‘agente’ mas mais não digo (risos)
 O que mudou no Fado, na última década?
Só mudou o olhar dos portugueses, só isso porque alem fronteiras o fado sempre foi respeitado e amado.
  Existe um público particular para o fado?
  Um publico para o fado?.... Não consigo responder claramente à sua pergunta porque por vezes algumas pessoas dizem: "eu venho aqui esta noite mas não é que seja apreciador (a) de fado..." mas depois do espectáculo vêem dar-me os parabéns e dizem "convenceu-me, adorei etc..." isto acontece com todos os fadistas.
A partir daquele momento onde a pessoa sente a emoção que o fadista lhe transmitiu (Casimira arrepiou-se por causa da emoção) essa pessoa passa a ser também fadista.
  Na sua opinião, qual a principal característica de um fadista?
  Sensibilidade e paixão
  Esse “pingo de lágrima” que lhe corre com frequência pela sua face de onde ele vem: das profundezas da sua alma ou da essência dos seus sentimentos?
Provavelmente dos dois ou seja da essência dos sentimentos que se encontram nas profundezas da alma.
 Quer dizer alguma coisa aos leitores?
 Obrigada por lerem até ao fim as minhas palavras. Não consegui responder com menos palavras e Deus sabe que tentei "encurtar" as respostas. Um bem-haja a todos.
 António Centeio

Fotos do álbum de Casimira Alves e Vitor Lopes

1 comentário:

LA disse...

Aqui está uma grande mulher e uma grande fadista digna de embaixadora de Alpiarça. Se a admirava com esta entrevista ainda fico a admirá-la mais.
Parabéns Mirita
LA