O desafio que Portugal tem de vencer é claro e a solução simples embora dolorosa.
O que é que faz uma família que andou anos a comprar muito acima das receitas e a quem, de súbito, cortaram o crédito?
Tem duas opções: uma boa, outra errada.
Opção errada: foge para a frente, procura mais crédito noutro lado, ainda que com taxas de juro colossais, continua a endividar-se, recusa cortar nos gastos e, em última instância, é obrigada a declarar falência. No final, atira as culpas para os credores. Tem duas opções: uma boa, outra errada.
Opção correta: negoceia com os credores um plano de pagamento das dividas, vende património para amortizar a dívida e ajusta o valor das despesas ao valor das receitas. Se for necessário, muda para um apartamento mais pequeno, deixa de fazer férias, vende os automóveis e passa a comer menos.
Portugal só pode seguir a segunda opção. Isso significa colocar a despesa do estado ao nível do valor da década de 80. Antes da criação do monstro. Numa altura em que a dívida pública era inferior a 50% do PIB e o estado consumia menos de 40% da riqueza nacional.
Para atingirmos um tal desiderato, é preciso contrair a despesa total do estado de forma a que, em vez de o estado gastar quase 50% da riqueza nacional, passe a gastar menos de 40%. Isso faz-se com cortes nos salários e nas pensões, eliminação de estruturas do estado e redução das funções do estado. A alternativa aos cortes é a eliminação pura e simples dos salários e pensões em resultado da insolvência do estado. É o que está prestes a acontecer na Grécia. Portugal, é um caso diferente. Pode ser, a par da Irlanda, uma história de sucesso. A prova é isto: "O Tesouro português emitiu hoje 1.244 milhões de euros em dívida a três meses e meio, no centro do intervalo previsto (entre 1.000 milhões e 1.500 milhões). O custo da operação manteve-se abaixo de 5%".
Portugal só pode seguir a segunda opção. Isso significa colocar a despesa do estado ao nível do valor da década de 80. Antes da criação do monstro. Numa altura em que a dívida pública era inferior a 50% do PIB e o estado consumia menos de 40% da riqueza nacional.
Para atingirmos um tal desiderato, é preciso contrair a despesa total do estado de forma a que, em vez de o estado gastar quase 50% da riqueza nacional, passe a gastar menos de 40%. Isso faz-se com cortes nos salários e nas pensões, eliminação de estruturas do estado e redução das funções do estado. A alternativa aos cortes é a eliminação pura e simples dos salários e pensões em resultado da insolvência do estado. É o que está prestes a acontecer na Grécia. Portugal, é um caso diferente. Pode ser, a par da Irlanda, uma história de sucesso. A prova é isto: "O Tesouro português emitiu hoje 1.244 milhões de euros em dívida a três meses e meio, no centro do intervalo previsto (entre 1.000 milhões e 1.500 milhões). O custo da operação manteve-se abaixo de 5%".
Por: Ramiro Marques
1 comentário:
“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”
(Autor Eduardo Galeano)
Ninguém
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