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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Portugueses confiam mais nos bombeiros e INEM

Os portugueses demonstram um elevado nível de confiança nas instituições de emergência e socorro e proteção civil, como os bombeiros, INEM e Cruz Vermelha, segundo um estudo da Universidade de Coimbra. Ao mesmo tempo, revelou o sociólogo José Manuel Mendes, têm pouca confiança nas outras instituições conotadas com o Governo.
Numa escala de 1 a 5, todas as instituições ultrapassam o nível médio de confiança da população portuguesa, com destaque para os bombeiros (4,19), Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) (4,11) e Cruz Vermelha (3,96), refere o estudo efetuado pelo Observatório do Risco do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, a que a Lusa teve acesso.
Segundo o estudo realizado no âmbito de um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, as forças policiais, GNR e PSP, surgem logo a seguir (3,66), seguidas da proteção civil (3,65) e das autoridades locais, juntas de freguesia (3,32) e câmaras municipais (3,22).
Segundo o mesmo documento, a população portuguesa demonstra ter conhecimento dos avisos meteorológicos e dos alertas da proteção civil, “dois indicadores sólidos de uma preocupação geral quanto aos perigos e às suas consequências”.
Os resultados da investigação mostram igualmente que 69.6% dos inquiridos conhecem os avisos do Instituto de Meteorologia, 40.5% consultam os alertas da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e apenas 20.1% têm conhecimento dos alertas do Serviço Municipal de Protecção Civil.
Entre os que garantem conhecer os avisos meteorológicos e os alertas da proteção civil, 63,4% ativam estratégias de autoproteção após os alertas da ANPC e 50% fazem-no para os avisos do IM.
“Os mais jovens, os com maior nível de instrução e os que habitam em habitações com melhores condições são os que declaram maiores níveis de conhecimento dos alertas”, refere o documento.
Como resposta a eventuais situações de emergência, a maioria dos portugueses tem em casa um estojo de primeiros socorros, 65,8 por cento, enquanto que 41,4% admitem ter comida de reserva e 35,2% água de reserva em casa.
Relativamente às medidas preventivas adotadas para enfrentar uma situação de emergência, 87,6% dos portugueses revelam ter conhecimento telefone nacional de emergência, 63,9% têm conhecimento do telefone dos bombeiros e 58,6% sabem qual é o número de telefone das forças policiais.
Pelo contrário, apenas 19,3% conhecem o telefone da polícia municipal, 9,4% admitem ter um curso de socorrismo e 8,2% estabeleceram um ponto de encontro da família no caso de ocorrer uma catástrofe.
O mesmo estudo indica que 14,4% dos inquiridos, 180 pessoas, já foram afetadas por acontecimentos extremos que causaram danos ou perdas.
Entre estes 180 indivíduos, 24,3% (44 pessoas) apontaram as cheias e inundações como o acidente que mais as afetou, seguindo-se os acidentes de viação, com 22,3% (40), as tempestades, trovoadas e chuvas intensas, com 18,1% (33) e os incêndios florestais, com 11% (20).
Mais de metade das pessoas garantiu não ter recebido qualquer tipo de ajuda após os acidentes, 66%, mas dos 23,4% que garantem ter sido ajudados, 63% apontam os bombeiros como o recurso mais fiel, seguidos dos vizinhos (47,4%).
Numa escala de 1 a 5, a maioria dos inquiridos entende que as entidades competentes devem impedir as pessoas de construírem habitações em sítios perigosos mesmo que os terrenos sejam delas (4,20) e que cabe ao Estado tomar medidas preventivas das catástrofes, ainda que isso implique um aumento dos impostos (3,22).
Instituições conotadas com o Governo inspiram pouca confiança aos portugueses
“Os portugueses têm confiança nas instituições consideradas mais independentes. Não têm confiança nas instituições conotadas com o Governo, ou pelo menos com as instituições oficiais, exceto na sua atuação no âmbito da proteção civil e do socorro”, explicou o sociólogo José Manuel Mendes.
Segundo o sociólogo, a confiança geral dos portugueses nas instituições de socorro fica a dever-se ao facto de que em Portugal “não houve nenhum episódio que desconstruísse a confiança das pessoas” como aconteceu noutros países da Europa, com o sangue contaminado ou o amianto.
Para José Manuel Mendes, uma das maiores surpresas de um um estudo, efetuado pelo Observatório do Risco do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, centra-se no facto dos portugueses manifestarem grande confiança em duas entidades relativamente distantes dos cidadãos.
“Essa confiança mantém-se em entidades mais abstratas, mais distantes como a Autoridade Nacional de Proteção Civil ou até o próprio Instituto de Meteorologia, que são dois organismos distantes do cidadão”, afirmou o sociólogo, considerando que estas instituições “estão longe mas têm muita visibilidade mediática”.
Sobre a prevista fusão do Instituto de Meteorologia com o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, José Manuel Mendes considera fundamental manter a designação do primeiro.“Os portugueses estão muito identificados com as mensagens do Instituto de Meteorologia. É uma entidade que tem um capital de confiança muito alto e que as pessoas realmente seguem”, indicou, lembrando que cerca de metade das pessoas seguem os avisos que o Instituto divulga.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), os bombeiros e a Cruz Vermelha gozam de um capital de confiança significativo entre os portugueses, essencialmente por questões culturais e de proximidade. José Manuel Mendes lembra que o “INEM é um serviço que assenta na grande profissionalização dos seus elementos”, sendo uma “entidade que tem prestígio e que tem sabido manter esse prestígio pela qualidade de intervenção e pela sua profissionalização”.
Relativamente aos bombeiros, o sociólogo lembra que existe uma “grande proximidade” entre as corporações e as populações já que muitos dos seus elementos são voluntários e “o recrutamento é familiar”.
No caso da “Cruz Vermelha tem a ver com o histórico na sociedade portuguesa. Nos episódios que já ocorreram a Cruz Vermelha reuniu um grande capital de simpatia junto dos cidadãos”, assinalou.
Este inquérito foi realizado entre setembro e outubro de 2008 num universo de 1.200 inquiridos e apresenta uma margem de erro de três por cento.
« Agência Lusa»

1 comentário:

Anónimo disse...

Sr. Centeio, pergunte lá se desde que este mandato se iniciou a digbissima Câmara já se dignou a convocar o Conselho Municipal de Segurança, ou se continua a achar que a segurança do concelho não merece um amplo debate enter as forças vivas do concelho e para quem foi mandato para isso. É uma pouca vergonha esta desconsideração pelos municipes