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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

MULHERES: Tolerância 0, por favor

Por: Anabela Melão
Este ano já morreram 23 mulheres vítimas de violência doméstica.
Na maioria dos casos de homicídio e de tentativa de homicídio já existia violência na relação e «em algumas situações» o crime já era do conhecimento das autoridades (relatório divulgado hoje pela associação União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)).
A maioria das mulheres (70%) foi vítima dos maridos ou de alguém com quem mantinham uma relação de intimidade.
Nos últimos oito anos morreram 241 mulheres nestas circunstâncias.
«As formas mais graves de violência contra as mulheres ocorrem nas suas residências, muitas delas apôs a separação entre a vítima e o agressor», alerta o relatório nas reflexões finais.
9 em cada 10 crimes aconteceram dentro de casa.
Já no que toca a tentativas de homicídio, o relatório aponta um aumento em relação ao ano passado: até 11 de Novembro foram identificadas 39 tentativas, sendo que em 54% dos casos os autores eram os companheiros das vítimas.
Na maior parte dos casos ocorridos em 2011, «a violência na relação já era conhecida por várias pessoas, entre elas, vizinhança, relações de amizade, familiares e, em muitas situações, pelas autoridades oficiais».
Noto que:
- nas classes média, média alta a alta, também há violência e que raramente é denunciada;
- a tolerância da família pelos comportamentos de violência tem de ser combatida através de uma acção pedagógica junto das gerações mais novas;
- a complacência com que as autoridades e as instâncias judiciais enfrentam o problema é propícia a um sentimento de impunidade (a sublinhar os últimos acórdãos conhecidos que falam de atitudes com grau de violência e de coação exigível à tipificação do crime como "violento"!).
Saliento que este não é um problema transitório na vida de alguém. É, sim, uma forte condicionante de comportamentos e atitudes que inibem, muitas vezes, a vítima de se predispor a recomeçar afectivamente a vida.
Tolerância 0, por favor.

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