A questão do despovoamento do interior tem sempre ligada uma questão de poder. Que só se resolve com a regionalização
Há um ano, no seu discurso do 10 de Junho, o Presidente da República tinha alertado para a "situação insustentável" do país. Desta vez falou da situação insustentável do interior numa cidade do interior, em Castelo Branco.
"A justiça social é, também, justiça territorial", disse Cavaco Silva. O que é uma grande verdade. Como primeiro-ministro, ao contrário do que se diz hoje, Cavaco prestou um bom serviço investindo em vias de comunicação que aproximaram também o interior do litoral. O problema é que as auto-estradas têm mais tráfego num sentido do que no outro, têm mais tráfego de saída do interior do que de entrada ou de regresso. Como costumo dizer a alguns dos meus colegas, a A1 tem dois sentidos, não tem só um.
Claro que a questão do despovoamento do interior tem sempre, depois, ligada uma questão de poder. Que, queira-se ou não, tem a ver com a regionalização administrativa do país, que o Cavaco primeiro-ministro ainda mandou avançar, antes de mandar travar e concentrar tudo em Lisboa. Talvez fosse uma ideia razoável na altura, há 20 anos, pensando que a capital puxasse o resto do país, mas hoje é o mesmo Cavaco que reconhece sem o dizer que não foi. Sem dar poder a esse interior, o país continuará o que é há séculos, duas metades bem divididas.
No discurso do Presidente da República há um lado de aposta no repovoamento agrícola, como escreveu num artigo publicado ontem no "Expresso" que é interessante, mas também não foi esse o sentido das políticas públicas portuguesas. A terra vale muito mais para urbanizar do que para fabricar.
Claro que há 20 e 30 anos também não tínhamos uma boa agricultura, salvo nalguns casos em que nos especializamos. De resto, o discurso também faz essa distinção e aponta o passado como algo a que não se deve regressar. Tínhamos gente a mais no sector primário e por isso temos hoje uma população dedicada à agricultura envelhecida. Foi a que restou da migração para as cidades, onde havia outras condições de trabalho e de vida, sobretudo nos serviços.
Importamos 6 mil milhões de euros em bens alimentares e exportamos 3 mil milhões, um défice que não tem razão de existir, como sublinhou o Presidente, acrescentando que não podemos ser auto-suficientes, nem isso é o mais importante. O que é decisivo é concentrarmo-nos no que sabemos fazer melhor, o que é um bom caminho e uma das vias para acabar com esse país "a duas velocidades" que Cavaco também identificou nesta sua alocução. Esperemos que o discurso possa significar uma nova forma de olhar para o país dos nossos políticos, porque esta crise obriga-nos a encontrar outras soluções para os problemas.
«In»
1 comentário:
Assunto: FW: 45 000€, por dia. É obra.
Ah grande silva em troca dos grandes serviços prestados ao país eis então com todo o esplendor eu e a minha maria
Ó meus Amigos,
o ‘Zé’ Mário Branco cantava, faz uns anitos já, assim – “Qual é a tua ó meu?...” E já agora… qual é a ‘vossa’?... Então fiquem-se lá com a ‘dele’… (a do senhor Silva…! [Jardim dixit ])
Fiquem bem… se for caso disso…
45 mil euros por dia para a Presidência da República.
As contas do Palácio de Belém
O DN descobriu que a Presidência da República custa 16 milhões de euros por ano
(163 vezes mais do que custava Ramalho Eanes), ou seja, 1,5 euros a cada português.
Dinheiro que, para além de pagar o salário de Cavaco, sustenta ainda os seus
12 assessores e 24 consultores,
bem como o restante pessoal que garante o funcionamento da Presidência da República.
A juntar a estas despesas, há ainda cerca de um milhão de euros de dinheiro dos contribuintes que todos os anos serve para pagar pensões e benefícios aos antigos presidentes.
Os 16 milhões de euros que são gastos anualmente pela Presidência da República colocam Cavaco Silva
entre os chefes de Estado que mais gastam em toda a Europa,
gastando o dobro do Rei Juan Carlos de Espanha (oito milhões de euros)
sendo apenas ultrapassado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy (112 milhões de euros)
e pela Rainha de Inglaterra, Isabel II, que ‘custa’ 46,6 milhões de euros anuais.
E tem o senhor Aníbal Cavaco Silva,
a desfaçatez de nos vir dizer que –
“os sacrifícios são para ser ‘distribuídos’ por todos os portugueses”…
… ‘Atão’ tá bem ó meu! ...
(…? E não se pode ‘privatizar’ a Presidência da República ?...)
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