O objectivo é conseguir um serviço de dívida que, pela renegociação dos montantes, prazos e taxas de juro, seja “compatível com um crescimento económico da ordem dos 3%, admitindo para o efeito a determinação de um período de carência a definir e a indexação do valor dos juros a pagar anualmente com esse serviço da dívida, a uma percentagem das exportações anuais previamente fixada”.
A proposta a apresentar pelo PCP, que na legislatura que está prestes a iniciar-se recuperou o lugar de quarta força política, salvaguarda a “parte da dívida dos pequenos aforradores (dívida dita não transaccionável) e daquela que está na posse do sector público administrativo e empresarial do Estado, que não será assim objecto da renegociação, assegurando-lhes o cumprimento das condições contratadas”.
Recuperando uma proposta apresentada publicamente em Abril, os comunistas detalham que a liquidez do Estado português para assumir compromissos e obrigações de curto prazo será garantida através de soluções como a “transformação de títulos detidos por instituições públicas aplicados no estrangeiro em obrigações e títulos de dívida”.
Nessa altura, o secretário-geral do PCP propôs a venda de 20% desses títulos, que calculou no montante total de 55 mil milhões de euros, apontando como exemplo os fundos da Caixa Geral de Depósitos, de financiamento da Segurança Social e de pensões do Banco de Portugal.
Captar poupança nacional e aumentar impostos ao sector financeiro
Já para diversificar as fontes de financiamento do Estado, o PCP recomenda a “emissão de dívida pública junto do retalho português, adequadamente remunerada a curto, médio e longo prazo, retomando no prazo máximo de trinta dias uma reforçada política de emissão de Certificados de Aforro e do Tesouro, através da criação de condições mais atractivas à sua aquisição por parte das famílias e que possa incluir a criação de outros instrumentos vocacionados para a captação de poupança nacional”.
As linhas gerais da proposta apresentadas hoje no Parlamento incluem ainda medidas para o reequilíbrio das contas públicas. A começar pela reavaliação do conjunto das Parcerias Publico-Privadas, “a concluir no prazo máximo de trinta dias, envolvendo o Ministério das Finanças, os ministérios de tutela, o Tribunal de Contas e o Banco de Portugal, visando, de acordo com o respectivo apuramento, a renegociação ou a cessação de contratos que se mostrem ruinosos”.
Outras propostas em que os comunistas vão insistir na próxima legislatura são a da aplicação de uma taxa efectiva de IRC de 25% ao sector financeiro, a introdução até final de Julho de uma “mais justa” tributação do património, a taxação em IRC das mais-valias bolsistas alcançadas pelas SGPS, a criação de um imposto sobre as transacções financeiras registadas em bolsa e a tributação dos capitais colocados em “offshores”.
«JN»
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