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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Octávio Pato

«Foi no concelho de Rio Maior, mais concretamente na Marmeleira, que Octávio Pato, um dos mais destacados resistentes antifascistas portugueses, encontrou abrigo quando teve que passar à clandestinidade, para escapar à perseguição que lhe era movida pela polícia secreta de Salazar, a PIDE. Isto em Setembro de 1945.
Natural de Vila Franca de Xira, Octávio Pato tinha 16 anos de idade quando aderiu ao único partido que se mantinha activo na oposição à ditadura, o Partido Comunista Português. Fê-lo por intermédio de um irmão mais velho – que mais tarde seria assassinado pela PIDE. Estava-se em 1941, na fase inicial da 2ª Guerra Mundial, quando parecia que o fascismo ia conquistar o mundo. O jovem Octávio destacou-se na organização de uma greve que confrontou a ditadura em Maio de 1944, com a participação de dezenas de milhar de trabalhadores, nos concelhos de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira, Alenquer, Benavente e Arruda dos Vinhos.
A importância dessa greve, promovida pelo PCP, é reconhecida pelo historiador José Pacheco Pereira, que a descreve como “um momento único de simbiose entre uma organização política e uma parte importante dos operários da zona industrial e camponesa envolvente de Lisboa”.
Recorde-se que a oposição e o direito à greve tinham sido proibidos pelo regime de Salazar. Este respondeu à greve prendendo centenas de pessoas. À falta de espaço nas prisões, encheu as praças de touros de Vila Franca de Xira e do Campo Pequeno, em Lisboa, com mais de mil grevistas presos.
Com a derrota dos fascismos alemão e italiano na segunda guerra mundial, a sobrevivência do regime fascista português pareceu algo incerta durante algum tempo. Nesse período, Salazar, encenou algumas mudanças para manter o poder, e abrandou um pouco a repressão, permitindo à oposição, nas palavras de Octávio Pato, “certas possibilidades legais e semilegais”.
Nessa fase, o PCP impulsionou uma organização unitária semilegal de jovens antifascistas, o MUD Juvenil. Foi seguramente uma das maiores organizações políticas de juventude que já existiram em Portugal. Em 1947 terá chegado a contar cerca de 20 mil aderentes. Antes de soçobrar debaixo de uma renovada repressão salazarista.
Participaram no MUD Juvenil artistas como o pintor Júlio Pomar ou o escultor José Dias Coelho (mais tarde assassinado pela PIDE), futuros dirigentes do PCP como Carlos Brito ou Domingos Abrantes, futuros fundadores do PS como Mário Soares e Francisco Salgado Zenha, futuros líderes africanos como Amílcar Cabral ou Agostinho Neto.»
Por Luís Carvalho/RRM

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