Por: Isabel Faria |
Esta imagem está escrita em castelhano,
mas não necessita de tradução e adapta-se, às mil maravilhas, à situação
portuguesa.
E assim é desde 1974/1975, quando a
social-democracia, representada pelo PS se aliou à Direita para impedir o
avanço e a consolidação da revolução e os Partidos à Esquerda do PS, se foram
consumindo entre cisões, sectarismos e desconfianças (uma tentativa de unidade,
em 1975, decorria, então, o PREC, entre o PCP e várias organizações da chamada
Extrema-Esquerda, numa altura em que ainda tudo era possível, foi formada a 25
de Agosto e o PCP saiu a 27 de Agosto…).
As décadas que se seguiram foram feitas
assim: A Direcção do PS continuou, na grande maioria das vezes, a trair a sua
base social e eleitoral e os Partidos e Movimentos à sua Esquerda, continuaram
a trilhar os caminhos da “pureza ideológica”, do desnorte, do sectarismo e da
falta de ousadia.
Este caminho nunca foi beliscado, nem
sequer com a junção de vários Partidos e militantes de Esquerda sem partido,
naquilo que seria o BE. Se, dentro do Bloco, a unidade ainda conseguiu, durante
muito tempo, prevalecer sobre a “pureza” , nem o BE nem o PCP nunca se
mostraram, verdadeira e honestamente, interessados em iniciar qualquer tipo de
aproximação que pudesse aparecer aos olhos do eleitorado como uma alternativa,
efectiva, de Poder.
Em 2011, quando o PCP e o BE se aliaram à
Direita para afastar Sócrates e o PS do Governo, os dirigentes de ambos os
partidos, pressionados pelos seus militantes e pelo seu eleitorado, aceitaram
reunir-se na AR e comprometeram-se a iniciar um processo de diálogo continuo e
de apresentação de propostas conjuntas, tendo, no entanto, desde logo
manifestado a sua indisponibilidade para estudar qualquer hipótese de
apresentar listas conjuntas. Nas Legislativas de Junho de 2011, o BE sofreu uma
pesada derrota, perdendo metade do seu Grupo Parlamentar, e o PCP teve 8% dos
votos. A Direita ganhou as Eleições. O PSD e o PP uniram-se e formaram Governo.
Nós e o País estamos aqui.
Na tal reunião das Direcções do PCP e do
BE, em Abril de 2011, as suas Direcções comprometeram-se a manter o diálogo e a
apresentar propostas de iniciativas conjuntas. Nos anos que se seguiram, foram
votando em conjunto a esmagadora maioria das vezes na AR, os seus dirigentes
vão às manifestações do 1º de Maio e do 25 de Abril, mas em lugares separados,
encontram-se, em comitivas separadas, em alturas de Greves Gerais, nunca
organizaram sequer uma sessão publica, popular, fora do Parlamento, conjunta e
em conjunto, contra a austeridade, por exemplo, continuam militantemente sem se
ousarem aplaudir mutuamente nas intervenções dos seus deputados na AR, na vá a
pureza ser manchada. Ah, e o Verão passado voltaram a encontrar-se para … tomar
café.
Entretanto,
a base social e eleitoral de Esquerda (incluindo a do PS) continua o caminho
para o desencanto, o afastamento e a abstenção, por absoluta falta de
alternativas viáveis, credíveis e, sobretudo, mobilizadoras. Dentro de três
semanas, cada um na sua bicicleta irá concorrer às Europeias e eleger, na
melhor das hipóteses, 4 deputados. Dentro de um ano, nas Legislativas, cada um
continuará a pedalar sozinho e fará questão de pavonear a sua incapacidade de
colocar os interesses do país, dos trabalhadores e do Povo Português, acima do
seu enorme umbigo. O resultado conhecemo-lo há décadas.
Um dia a história julgará não só a Direita assassina, como o PS com ela
conivente e a Esquerda, perante ela, impotente. O problema é que os julgamentos
da História não nos dão nem trabalho nem pão, nem País.
Dito e escrito isto, obviamente, que no dia 25 de Maio votarei e votarei à
Esquerda. E espero com o meu voto também mostrar à “minha” Esquerda que não
chega ser Oposição (é oposição há décadas e estamos aqui). É preciso ousar
juntar as letrinhas das setas e meter as mãos na massa. O futuro e a memória do
passado exige-lhes isso.