LEITOR desapontado com a prestação do presidente da Câmara

Por: F. Mariano

Acabei há pouco de assistir ao vídeo da última Reunião de Câmara (07.04.2014) e confesso, fiquei um pouco desapontado com a prestação do nosso presidente, tanto mais por ser ele que conduz os trabalhos das reuniões, conforme o próprio tem deixado bem patente mas, desta vez, de forma um tanto ou quanto atrapalhada, em meu entender. O vereador Francisco Cunha, digam o que disserem do homem, esteve muitos pontos acima em argumentação e domínio de alguma matéria. Eu tenho o maior respeito e admiração pelo presidente Mário Pereira, só que não posso ir contra aquilo que eu próprio presencio e analiso.

Parece que o tal "Gabinete de Estudos" está a deixá-lo, de certo modo, perturbado.

Compreendo que perante casos inesperados e de alguma complexidade coloque as reservas que se impõem, pois precisará de algum tempo para se inteirar do assunto. Agora, o caso da Águas do Ribatejo? Quem com um palmo de testa não viu já o princípio meio e fim do filme? Não há dúvida para a generalidade dos consumidores servidos pela Águas do Ribatejo, de que o facto de ser uma empresa gerida, de certa forma pelas autarquias, é uma garantia à partida para as populações dos concelhos associados. Só que há situações que devem ser claras e inequívocas para todos os consumidores e, naturalmente para quem gere a empresa. Não pode a Águas do Ribatejo, como empresa intermunicipal, fazer tudo o que quer e bem entende sem ouvir as populações interessadas, ao mesmo tempo que faz as suas contas. Os presidentes de Câmara embora com mandatos legitimados pela maioria dos eleitores dos respectivos concelhos, devem auscultar as aspirações das suas populações e não fazer apenas o que lhes vem ou não à cabeça. É nessa perspectiva que as populações entendem e apoiam a gerência das águas pelas câmaras municipais.

Porque continua então Mário Pereira a bater na mesma tecla, sem recuar na posição que vem erroneamente defendendo, influenciado com certeza pelos gestores não autarcas da empresa intermunicipal, e não diz aquilo que deve ser dito e está à vista de toda a gente?

 Seria um sinal de humildade e inteligência e nada mais. Por mim achava um acto de coragem louvável se o tivesse feito. Aliás, normalíssimo numa pessoa de carácter, como é o caso do professor Mário Pereira.
Então, há dois ou três meses falava-se e defendia-se o aumento da água por uma questão de viabilidade da empresa...e agora a empresa vem revelar que o negócio afinal… vai de vento em popa… que dá até para reforçar as ajudas nas Tarifas Sociais e alargar essas tarifas a mais gente carenciada, suster aumentos previstos etc. e tal?
Então quando um munícipe na sessão de esclarecimento levada a efeito na Biblioteca Municipal Dr. Hermínio Paciência pela Águas do Ribatejo, à qual nós assistimos, questionou os responsáveis da empresa sobre a esmola vergonhosa que a mesma estava a dar às famílias carenciadas em nome da Tarifa Social, o Director Financeiro da empresa respondeu que para aumentar esses míseros 2.00€ mensais teriam de aumentar a água a todos os outros consumidores (faço aqui um parêntesis para lembrar que as contas foram feitas, apresentadas neste jornal e não desmentidas por ninguém. 

O aumento de ajuda às famílias mais necessitadas em DOBRO (!) teria uma repercussão de 11 CÊNTIMOS (!) na factura mensal dos restantes consumidores) agora, no espaço de dois ou três meses chegaram à conclusão que já podem fazer aquilo que todas as outras empresas fazem há muito tempo relativamente aos mais desprotegidos economicamente e o munícipe bem referiu?

 Então em que ficamos? Há três ou quatro meses, não era já previsível pela empresa, esta situação financeira resultante das receitas e despesas? Ou será que era apenas um teste à capacidade de reacção dos consumidores? 
E porque não levaram avante os aumentos propostos pela empresa Águas do Ribatejo de cerca de 75% para a Taxa de Recursos Hídricos que outro munícipe (E.C) provou serem ilegais?
E onde estão os tais defensores da AR que achavam que estes munícipes eram lunáticos porque a empresa como intermunicipal de capitais públicos era pura e inquestionável?
Ainda bem que há sempre por aí uns “lunáticos” que olham por nós.
Por mim, cumpre-me o dever de agradecer a todos os “lunáticos” que lutam em defesa dos consumidores do meu país.

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