.

.

.

.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

COMBUSTÍVEL DO FUTURO: Petróleo de xisto: grandes esperanças, grandes problemas

Recentemente, a companhia internacional PricewaterhouseCoopers prognosticou uma nova revolução energética – ligada desta vez ao petróleo de xisto. As avaliações de peritos independentes, porém, diferem destas afirmações, a maioria deles não espera quaisquer mudanças revolucionárias no sector da energia nos próximos dez anos.
No entanto, o petróleo de xisto tem certas perspectivas. Considerase que, as suas reservas mundiais superam em 13 vezes as do petróleo tradicional. Com o nível actual do consumo, estes recursos energéticos chegarão para mais de 300 anos de extracção ininterrupta. Mas os problemas começam logo que passemos para aspectos práticos. A extração de petróleo de xisto é economicamente razoável apenas em grandes jazidas (com mais de 90 litros de petróleo para uma tonelada de xisto). A espessura da camada também é importante, não devendo ser inferior a 30 metros. Nem todas as jazidas ricas correspondem a estas condições, cuja exploração se considera actualmente mais ou menos rentável.
Ao mesmo tempo, a extracção de petróleo de xisto é muito mais complicada e cara em comparação com o petróleo tradicional, independentemente do progresso das tecnologias.
Daí que o preço de custo seja também mais alto. Há também um outro problema. Dentro de aproximadamente 400 dias de exploração de um poço, regista-se uma diminuição brusca (até 80%) dos volumes extraídos. Estas dificuldades, contudo, não assustam os americanos. Nos primeiros dez anos do século XXI, os volumes de produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos cresceram em quase 5 vezes: de 111 mil barris por dia a 553 mil.
Na opinião de peritos da PricewaterhouseCoopers, a subida dos volumes de extracção de petróleo de xisto permitirá, em 2035, reduzir o preço do petróleo em 40% em relação ao prognóstico básico (por volta de USD 113 por barril). Tal, por sua vez, influirá no futuro da economia mundial, permitindo extrair mais petróleo, pagando o mesmo dinheiro. O optimismo da PricewaterhouseCoopers não é compartilhado pelo director do departamento analítico do grupo de investimento Nord-Kapital, Vladimir Rojankovsky: ‘Rendo tributo ao potencial intelectual da PricewaterhouseCoopers, mas, no entanto, não posso concordar absolutamente com tais prognósticos, porque hoje em dia todos os projectos de xisto são muito dispendiosos pelo preço de custo.
Precisam de equipamentos especiais que ainda não se produzem em série. Passarão um ou dois anos, no mínimo, até que sejam produzidos em série em conjunto com peças sobressalentes na condição (será em condições?) de os produtores começarem a receber encomendas regulares. O exemplo da companhia americana Marathon Oil, que praticamente faliu à conta de projectos de xisto, testemunha a complexidade do problema. A própria tecnologia provoca muitas perguntas ecológicas. O método de conservação do poço não garante que o petróleo residual seja isolado do meio ambiente. Em resultado, podem ser poluídas terras férteis. Este aspecto é um dos mais críticos no destino dos projectos de xisto como fenómeno industrial’.
Ao mesmo tempo, o petróleo de xisto ajudará muito aos EUA a garantir a segurança energética. Numa boa oportunidade, não é de excluir que os Estados Unidos possam renunciar plenamente aos fornecimentos de países do Golfo Pérsico já para 2030. Mas o mercado global de petróleo e de gás não terá mudanças revolucionárias nas próximas décadas. Citamos a opinião do director do departamento analítico da companhia Alpari, Alexander Razuvaev: ‘O xisto é um fenómeno contraditório. Este tema é popular na América, mas o problema consiste em consequências ecológicas. Sim, há um ponto de vista de que a revolução de xisto irá diminuir bruscamente os preços do petróleo (e, respectivamente, os preços do gás e da energia elétrica). Mas isso, a meu ver, é por enquanto pouco provável.
O interesse de companhias ocidentais em relação à plataforma continental russa é uma prova indireta da incerteza da revolução de xisto.
É necessário explorar o Ártico e a Sibéria Oriental, em que tudo depende de investimentos e de franquias fiscais. O mercado sempre olha para o futuro. Não vemos razões para uma queda grande dos preços do petróleo. Penso que os riscos da revolução de xisto para os países exportadores (inclusive, para a Rússia) sejam muito exagerados. A extração tradicional continuará a ser actual na próxima década’.
De qualquer modo, não há motivos para esperar nos próximos tempos reviravoltas globais no mercado do petróleo. De facto, irão acontecer certas mudanças na estrutura de mercados energéticos. Em qualquer caso, o petróleo de xisto é um dos mais importantes recursos para o desenvolvimento futuro do sector da energia e dos combustíveis. É por isso que a Rússia está a estudar projectos de xisto, embora, na óptica do dia de hoje e até do dia de amanhã, tal não seja um imperativo, mas sim um facultativo.
«Fonte: 'O País'»



O gás de xisto está a mexer com o mundo.
Em Portugal há a pedra, falta saber se tem gás

Quando Matt Damon decide fazer um filme sobre os perigos da produção de gás de xisto nos EUA ou os Rolling Stones fazem canções sobre o tema só pode significar uma coisa: o gás de xisto está a mexer com o mundo. E se para uns é uma das piores ameaças ambientais dos últimos anos, para outros é a galinha dos ovos de ouro.
“Nos EUA, os preços do gás caíram 32% no ano passado, a indústria renasceu e há muitos novos empregos. Há, de facto, grandes alterações na paisagem mas se a extração for bem feita, não há problemas ambientais e, depois de desmontados os poços, a paisagem volta ao normal”, garante o diretor de Economia Energética da BP, Paul Appleby.
É por isso que países como a China, o Reino Unido ou a Polónia estão já a investir milhões na exploração, mas outros, como França, proibiram as técnicas de extração. Em Portugal, a contestação só chegou ao Parlamento quarta-feira, pela voz da deputada d’ Os Verdes, Heloísa Miranda, mas o país está mais atento que nunca.
“Portugal aparece em vários mapas como tendo potencial de gás de xisto e já estamos a fazer os primeiros estudos. Estamos numa fase muito inicial e há grandes pontos de interrogação, mas há também muita informação que nos permite já fazer um ranking das melhores zonas”, diz a investigadora do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), Zélia Pereira.
Duas delas são as Bacias do Algarve e do Baixo Alentejo, onde se sabe que há localizações que apresentam alguns dos sete parâmetros geológicos que mostram que há potencial de gás de xisto economicamente recuperável. O problema é serem zonas protegidas ambientalmente. “Na Praia da Mareta [perto de Sagres e Vila do Bispo], há rochas com cores indicativas da presença de gás de xisto, e na Carrapateira, de sete parâmetros já identificamos quatro, logo é um alvo a investigar”, confirmou a investigadora.
«Fonte: DV»

 


Sem comentários: