Por: Anabela Melão |
A classe média vai perder cerca de
3% a 6%, o que até Vítor Gaspar reconhece representa uma enormidade.
À sobretaxa de IRS de 4% juntam-se
as mexidas nos escalões do imposto e cortes nas deduções, o que redunda num
corte de salário/salário e meio.
Os trabalhadores a recibos verdes
também terão o IRS agravado e prevêem-se novos cortes nas pensões.
O agravamento das taxas
liberatórias vai penalizar as poupanças.
E, perante tudo isto, o Cardeal-Patriarca
de Lisboa, Policarpo, afirma que as manifestações de rua corroem o sistema
democrático, contrariamente às opiniões de bispo D. Manuel Martins e de D. Januário
Torgal Ferreira. Houve até quem entendesse naquela afirmação algum saudosismo
do protagonismo e aquiescência dos velhos tempos da influência do Cardeal
Cerejeira também.
E depois de António José Seguro classificar a subida de impostos como uma "bomba
atómica fiscal". Ou um "maremoto fiscal" diz o PCP. E de Bagão
Félix falar em "terramoto fiscal". E de Francisco Louçã falar em "bombardeamento fiscal". Um antigo
secretário de Estado de António Guterres se referir a um "massacre
fiscal". E de um comentador aludir ao "tsunami fiscal". A que um
outro comentador acrescenta as expressões e impressões de "ciclone
fiscal", "raide fiscal", "furacão fiscal",
"pandemia fiscal" e "chacina fiscal". Depois de tudo isto,
vêm as afirmações da directora do FMI, Lagarde, apelar ao fim da austeridade excessiva em países como a Espanha
– recomendação que serviria na perfeição a Portugal – fazendo mesmo um apelo para
que se conceda mais tempo àquele país. Declaração que parece assinalar um ponto de viragem na perspectiva da crise, deixando a visão meramente
clássica e apontando para um sinal de esperança por parte da Europa.
O Governo alheia-se, tanto quanto
pode, destes sinais populares, em que, talvez pela primeira vez desde o
primeiro 1º de Maio, o povo vem à rua, deixando de lado divergências políticas
e reunido, numa só voz, diz “BASTA”!
Não chegam remodelações
governamentais é preciso rever as políticas e o modus operandi do governo,
senão a revolta cresce e o povo um dia acorda mal disposto!
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