Alguns dos motivos por que não leio o "Avante!" são os mesmos por que talvez devesse lê-lo. De facto, com não rara ingenuidade, ali fica frequentemente à vista, a justificar posições do PCP em matéria de política internacional, um rosto tenebroso que aparentemente (e só uso esta palavra por respeito pela história do PCP) se oculta sob a máscara de tolerância que o partido internamente exibe. Como compreender, por exemplo, que o PCP se bata contra as leis ultra neo-liberais do trabalho em Portugal apoiando, ao mesmo tempo, a exploração selvagem do trabalho assalariado na China?
Desta vez, o órgão oficial do PCP não hesita em usar o ominoso texto anti-semita dito "Protocolos dos sábios de Sião", gigantesca fraude congeminada no século XIX pela polícia política czarista, para "explicar" a actual situação internacional. "A história dos 'Protocolos' poderia, em princípio, parecer um conto de fadas, mas os quadros dos anúncios que aí se promovem são bem reais", diz o "Avante!", repetindo despudoradamente Hitler no "Mein Kampf": "Eles [os 'Protocolos'] são baseados num documento forjado [...]: é a melhor prova de que são autênticos".
Para o PCP, a "ameaça judaica" com que os nazis justificaram a sua política de extermínio mantém-se e idem aspas o "plano [judaico] de dominação mundial", agora também do... Vaticano.
Eis um rosto repugnante, o do anti-semitismo, que o PCP deveria ter vergonha em exibir.
Fonte:
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2097358&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina
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