Há uns meses o parlamento foi chamado a discutir o orçamento re-distributivo (que mais não era que um orçamento rectificativo). Já nessa altura corriam frases de espanto perante um défice de 5,9%.
Volvidos poucos meses, eis que surge na proposta de orçamento de estado, um défice de 9,3%...à pergunta do PSD “O que é que se passou em tão pouco tempo que leva a esta derrapagem de contas públicas?”, o Governo não respondeu. Como não responde aliás às outras questões que os deputados colocam, seja em plenário, seja nas Comissões. Apenas pura retórica vã. Em 3 orçamentos apresentados no ano passado, o governo enganou-se 3 vezes, sempre com a complacência do banco de Portugal que mais não fez que mostrar “espanto”…
Este “lapso” de défice, correspondente a quase € 6 mil milhões, teve um efeito devastador na confiança dos mercados. Os efeitos devastadores desta política económica estão também potenciados por constantes encenações de crises políticas, como o sejam toda a tempestade no copo de água que foi a Lei das Finanças Regionais. Se Alberto João Jardim não fosse do PSD não sei se se apimentavam tanto as discussões!
Como já várias vezes dissemos, este não é o orçamento do PSD.
O PSD assenta as suas opções numa política destinada a promover o investimento. Destinada a promover as exportações e destinada sobretudo, ao apoio às Pequenas e Médias Empresas. A economia portuguesa encontra-se fiscalmente sufocada, e enquanto esta asfixia fiscal não se inverter, o nosso crescimento económico não apresentará o dinamismo que ambicionamos. O Orçamento de Estado de 2010 não contempla esta orientação. Continua a ver o mega investimento público como motor da actividade económica e a carga fiscal como uma das suas principais soluções.
Não deixámos de efectuar a nossa análise crítica, apontámos soluções, divergimos de muitos dos caminhos traçados pelo Governo, mas viabilizámos este instrumento por considerarmos que a economia nacional e a observação internacional não se compadeceriam com uma crise política em Portugal. Em nome de uma responsabilidade e de um interesse nacional que sempre tem orientado o PSD.
Os números são negros e dificilmente disfarçados pela propaganda socialista. Querem um exemplo? No ano passado, o estado português endividou-se em 1.750 milhões de euros por hora, leu bem, 1.750 milhões de euros por hora! Outro exemplo? Os prejuízos operacionais das empresas públicas de transportes são de mil euros por minuto…
O endividamento externo é o maior da EU-27, e é o maior problema que o País enfrenta, fruto da crónica falta de competitividade da economia portuguesa e da sua baixa produtividade.
Não adiantará esconder muito mais tempo a triste realidade portuguesa. Esta ultima década que vivemos, foi de claro insucesso em matéria de desenvolvimento económico, tão deprimente que só encontra paralelo nos anos de 1910-1920, quando em simultâneo Portugal atravessou a Implantação da República e uma Guerra Mundial!
Em vez de encalharmos na justificação da crise internacional, podemos dizer como José Mário Branco que o problema “vem de longe, de muito longe”, e se arrisca a “ir para longe, para muito longe”, sobretudo se não concretizarmos tudo o que estiver ao nosso alcance para o combater.
O PSD vai tentar.
Por: Carina João
(Deputada na A.R e nova colaboradora deste jornal)
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