“Não somos nenhum bando de desordeiros ou arruaceiros, nem queremos problemas com ninguém”, afirmou ao nosso jornal Rafael Costa, presidente do Grupo Motard “Bispos do Asfalto”, da freguesia de São Vicente do Paúl.
O nome do grupo saltou para a opinião pública na última reunião de Câmara de Santarém, onde uma recém constituída associação de pensionistas e idosos foi protestar porque a autarquia decidiu atribuir a antiga escola primária da Torre do Bispo aos motards.
Mesmo tendo ficado sem as instalações para a sua futura sede social, Rafael Costa sublinha que não pretende “alimentar conflitos”. “Nós já não queremos a escola nem vamos brigar pelo espaço, não podemos é admitir que andem a dizer mentiras sobre nós”, continua. A postura que os “Bispos do Asfalto” mantêm neste caso – em que perderam algo que lhes tinha sido legitimamente atribuído – acaba por ilustrar a forma de estar deste grupo de apaixonados pelas duas rodas.Criado em 1997, os “Bispos do Asfalto” contam neste momento com 76 associados, dos quais 60 residem ou são naturais da freguesia. E 14 residem mesmo na aldeia da Torre do Bispo, factos que desmentem em absoluto o que foi dito na reunião de Câmara.
Além de percorrer todo o país com a inscrição “Torre do Bispo – Santarém” gravado nos coletes, os “Bispos do Asfalto” têm-se envolvido activamente nas iniciativas locais da freguesia “sempre para ajudar”, segundo o mesmo responsável.
“No último Natal, pedimos à Junta de Freguesia uma listagem das famílias carenciadas e comprámos, através do nosso orçamento, um cabaz de bens de primeira necessidade para oferecer a cada uma delas, e ainda recolhemos roupa para distribuir”, exemplifica Rafael Costa.Sem sede social, o grupo pediu à Câmara a antiga escola primária da Torre do Bispo há cerca de três anos.
“Quando soubemos que queriam lá fazer uma sala de estudo para jovens da freguesia que andavam na universidade, desistimos logo e dissemos que os estudantes deviam ter prioridade”, acrescenta Rui Gonçalves, membro da direcção do grupo.
Como, entretanto, nada foi criado e o espaço continuou ao abandono, os “Bispos do Asfalto” voltaram a solicitar o espaço, que lhes foi atribuído na reunião de Câmara de 19 de Janeiro. Na semana passada, a autarquia recuou mas o grupo motard diz-se disposto a esperar por uma solução que o presidente Moita Flores prometeu encontrar.
“Já ninguém precisa de dizer que se vai suicidar, com calma resolve-se o problema”, remata Rafael Costa.
«O Ribatejo»
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