Esta
sexta-feira, durante todo o dia, os trabalhadores da Adega Cooperativa de
Alcanhões estão a riscar a palavra “Santarém” em cerca de 2.000 caixas de
vinhos, para poderem seguir numa encomenda para o Luxemburgo. A imposição foi
feita pela ASAE após uma visita dos fiscais esta quinta-feira, que chegaram a
selar as caixas com cerca de 10 mil litros de vinhos que já estavam
acondicionadas em paletes para seguirem numa encomenda para o Luxemburgo.
O insólito
tem a ver com o facto das caixas de vinho de mesa terem inscrita a morada da
Adega Cooperativa de Alcanhões, com a indicação do código postal “2000-371
Alcanhões, Santarém, Portugal”.
“Na interpretação dos
fiscais da ASAE a palavra “Santarém” só pode ser escrita nos vinhos
certificados (regionais e DOC) da Adega e não nos vinhos de mesa, por a palavra
Santarém corresponder a uma sub-região”, disse a O Ribatejo Paulo Durão,
funcionário da Adega.
Por isso, os fiscais deram
ordem para selar todas as caixas de vinhos com a palavra Santarém, que estavam
prontas para exportação para o Luxemburgo e também para a Madeira.
O presidente da Adega
Cooperativa de Alcanhões Joaquim Saramago ficou indignado com esta imposição da
ASAE e de imediato usou todos os canais para reclamar. Mas já a meio da tarde,
os fiscais da ASAE que estavam na Adega receberam ordens para desselar as
paletes de vinhos, mediante o compromisso dos funcionários da Adega de que
iriam tapar a palavra proibida. O que está a ser feito durante todo o dia desta
sexta-feira, mobilizando todos os funcionários da Adega, com os transtornos que
isso causa num momento em que ainda decorrem as vindimas.
Já esta sexta-feira de
manhã, na sessão de Câmara de Santarém, o presidente Ricardo Gonçalves criticou
esta situação: “Numa altura em que o país atravessa uma crise e as exportações
assumem uma importância acrescida, surgem estas pequenas forças de bloqueio,
pequenos interesses, que não fazem mais nada se não chatear”. Ricardo Gonçalves
sublinha que os fiscais da ASAE não detetaram quaisquer anomalias sanitárias ou
outras nos vinhos, apenas esta questão da palavra Santarém na morada escrita
nas caixas”.
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