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sexta-feira, 3 de maio de 2013

DECO: a Associação que se diz “defensora dos consumidores”



Deco pedia quase nove milhões ao vencedor do leilão de electricidade

A Renascença sabe que a associação de defesa do consumidor exigia uma taxa de 15 euros por cada cliente que fosse contratado. Dos cinco potenciais fornecedores, quatro rejeitaram participar no leilão.


Quase nove milhões de euros é quanto a Deco exigia ao vencedor do leilão de electricidade realizado na quinta-feira. Ao que a Renascença apurou, a associação de defesa do consumidor incluiu uma taxa às condições de participação, a cobrar por cada cliente contratado. Regras rejeitadas pelo menos por quatro dos cinco potenciais fornecedores.
De empresa para empresa, os argumentos são idênticos: as condições impostas pela Deco afastaram os fornecedores. Ao que Renascença apurou, junto de fontes próximas do processo, a taxa de adesão ao leilão que era exigida chegou a rondar os 30 euros, baixou depois para 18, e acabou nos 15 euros.
Ainda assim, e admitindo que os 587 mil clientes registados mudavam para a proposta vencedora, a Deco ia encaixar mais de 8,8 milhões de euros. Esta taxa era o valor cobrado pelo custo de angariação de clientes.
De acordo com o portal do regulador, há cinco fornecedores de electricidade em Portugal, para o mercado doméstico. Quatro deles confirmaram à Renascença que não foram ao leilão.
A EDP não acrescenta mais comentários, mas o presidente da eléctrica nacional, António Mexia, já tinha avisado na última apresentação de resultados que não ia a concurso, se as condições não fossem favoráveis.
Fonte da Galp diz que as condições não permitiam apresentar uma oferta competitiva. A Iberdrola e a Gás Natural Fenosa justificam também a ausência no leilão com as regras apertadas.
Só sobra a Endesa, com quem a Renascença não conseguiu ainda chegar à fala, apesar das tentativas.
Deco diz que críticas são para desviar atenções
A Deco apresenta esta sexta-feira os resultados do leilão. Em declarações na quinta-feira à noite à agência Lusa, a responsável pelas relações institucionais diz que as críticas ao leilão têm como objectivo desviar as atenções.
Rita Rodrigues sublinha ainda que a adesão de mais de meio milhão de consumidores é um “cartão vermelho” ao sector eléctrico.
A responsável da Deco não revela, no entanto, quantas empresas participaram, porque existe “um pacto de confidencialidade”, a pedido das próprias empresas. Rita Rodrigues diz ainda que a taxa de adesão é apenas uma hipótese e que os fornecedores nunca admitiram que podiam não ir a leilão por causa deste valor.

4 comentários:

Poupar Melhor disse...

A história ainda está por contar. Mas nada muito diferente do que aconteceu no estrangeiro:

http://www.pouparmelhor.com/noticias/juntos-pagamos-menos/

Anónimo disse...

A verdadeira história da DECO que diz defender os consumidores ainda está por contar. A instituição com raízes no estrangeiro tem uma lógica de defesa do consumidor curiosa. A sua agressividade de mercado no que toca aos seus produtos e angariação de sócios, também é peculiar, quando oferece prémios de bugigangas eléctricas ou electrónicas sem qualquer préstimo, porque tecnologicamente ultrapassadas, para influenciar o possível sócio.
Há uns tempos atrás um consumidor ao sentir-se lesado pelo imposto do audio-visual incluido na factura da electricidade e que pagou quando a lei o isenta devido ao baixo consumo de energia, contactou a DECO que estava até a tratar desse assunto, segundo informava no seu site, no sentido de pedir ajuda.
Do outro lado perguntaram-lhe se era sócio da DECO. O consumidor informou que ainda não e que também vivia com algumas dificuldades económicas que o limitavam de ser sócio fosse do que fosse. Passaram-lhe então a chamada para outro gabinete, presumindo o consumidor, ser um senhor doutor. Depois de alguma conversa a resposta foi: Olhe eu vou dar-lhe aqui um número de Lisboa que talvez lhe tratem disso pois é uma instituição estatal que também defende o consumidor.
O consumidor lá ligou para o tal número que, chamava chamava mas ninguém atendia. Insistiu durante uma semana ou duas, até que desistiu.
O que se conclui é: a DECO defende sim senhor, quem é sócio e para ser sócio é preciso ter dinheiro.

Cada um que tire as suas conclusões.

Francisco Mariano

Anónimo disse...

Poderia contar-vos a história de um associado que resolveu ir à Deco apresentar queixa contra a própria Deco por publicidade enganosa e por violação da regulamentação do sector financeiro, onde essa dita associação tinha um protocolo com o Deutsch Bank.
Mas não vale a pena...
Fica que é mais uma de muitas "associações" que sob a capa justificativa de um objectivo dá mama a muita gente e que come à mesa do orçamento de Estado.
Infelizmente para nós contribuintes a Deco não está só. Por este País fora constituíram-se centenas ou milhares de associações e fundações, com as mais diversas justificações que o único objectivo é sacar dinheiros públicos e manter a fachada de utilidade.
Seria por aí que o governo deveria começar a poupar, e não castigando sempre os mesmos.

Anónimo disse...

Gostei de ler estes comentários. Parabéns aos autores e também ao Jornal Alpiarcense. Prova que mesmo nos pequenos meios rurais há pessoas com descernimento e sentido crítico capazes de desafiar interesses instalados que continuam intocáveis como se tivessem só e apenas virtudes.