Marcelo e Sócrates coincidiram na linguagem médica para caracterizar o Conselho de Estado que tem hoje lugar.
Mas
enquanto o antigo primeiro-ministro do PS considera a reunião uma
"anestesia geral" que pretende discutir problemas que não se encontram
na agenda das preocupações dos portugueses - mais uma crítica
contundente a Cavaco - Marcelo Rebelo de Sousa preferiu afirmar que a
reunião serve para "baixar a temperatura" e "desdramatizar" o actual
momento político.
Para José Sócrates, o Conselho de Estado é,
nesta lógica, uma pura perda de tempo, dado que a agenda da reunião
"deveria ter-se concentrado no que interessa aos portugueses". Marcelo
parece querer ver mais longe que isso: "o Conselho de Estado serve para
debater o pós-troika" e, nessa medida, para "lançar pontes para o PS". É
que, recorda, quando a ‘troika' sair do país, em Junho do próximo ano, o
governo que estiver na altura em funções - seja este ou outro qualquer,
lembrou - terá todos os problemas actuais em cima da mesa para
solucionar: as dívidas, os défices, o desemprego, a falta de
investimento.
Os dois comentadores convergiram, por outro lado, na
análise do ‘momentus horribilis' por que está a passar o ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no que tem a ver com a
taxa sobre as pensões. Ou mais propriamente na margem que Portas (não)
tem para aceitar a sua inscrição no próximo Orçamento.
Para
Marcelo Rebelo de Sousa, a única saída de Portas é a Europa. Ou seja: "o
CDS acredita que há uma revisão de metas no Outono na Europa" - dado
que o continente não está a crescer e por isso as metas previstas são
demasiado optimistas. Nesse quadro, e perante a obrigação de uma revisão
em baixa, a perspectiva do CDS é que a não aplicação da taxa sobre as
pensões obriga seja acomodável dentro das novas metas do Outono. O
professor não se esqueceu também de salientar a posição do PS nesta
matéria, que foi "muito calma". "O PS está a fazer-se de morto, não quer
meter-se neste debate", deixando o ónus da chicana política para o
Bloco de Esquerda e para o PCP. "O PS está unido; o cheiro a poder une",
concluiu.
Ao contrário, para Sócrates, a posição de Paulo Portas é
por completo insustentável. Aliás, disse, todo o Governo está numa
posição insustentável: sobrevive "com respiração assistida, que se chama
Belém"
«DE»
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