A sociedade vive atualmente "uma erosão de valores éticos e de solidariedade intergeracional"
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Por: Anabela Melão |
O
constitucionalista Jorge Miranda afirma que a diminuição retroativa de
pensões contributivas é «manifestamente inconstitucional» e uma
«violação do princípio da proteçao da confiança e do direito de
propriedade». isto a propósito das declarações do ministro da
Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, que
admitiu que o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder
Rosalino, falou numa diminuição retroativa das pensões dos funcionários
públicos «no plano das hipóteses».
JM diz não conhecer a proposta
mas sublinhou que "nas pensões contributivas dos funcionários públicos
não se pode admitir que se venha retirar aquilo que as pessoas deram".
"Qualquer esquema desse género, de aplicação retroativa aos já
aposentados de qualquer regime restritivo das pensões a que têm direito,
é manifestamente inconstitucional, é violação do princípio da proteção
da confiança e até do direito de propriedade, porque as pessoas
contribuiram, deram dinheiro, em larga medida é dinheiro das pessoas".
"Tenho dificuldade em admitir que o Governo vá para a frente com uma
ideia desse género".
E aproveitou para criticar "pensões de
titulares de cargos políticos", não contributivas, "que continua a haver
e são escandalosas". "Aí é que eu gostaria de ver manifestações de
solidariedade com as pessoas a renunciarem a essas pensões, mas ainda há
dias vi um antigo deputado a reclamar por uma dessas pensões", referiu,
numa alusão ao socialista Vítor Baptista, antigo deputado do PS e
governador civil de Coimbra.
JM considerou ainda que a sociedade vive atualmente "uma erosão de valores éticos e de solidariedade intergeracional"
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