Eduardo Catroga perdeu espaço dentro do PSD depois das ‘gaffes’ na semana das dez entrevistas sucessivas.
O nome do próximo ministro das Finanças é a ‘million dollar question' do momento. Ninguém tem dúvidas que este será o ministro com mais poder, há aliás quem arrisque que o papel do ministro das Finanças será tão relevante quanto o do próprio primeiro-ministro. Mas quem será o senhor que se segue?
Dentro do PSD, no final da semana transacta dois nomes ganhavam espaço. João Duque, presidente do ISEG, parece ser o preferido de alguns elementos da equipa mais próxima de Pedro Passos Coelho. O professor de Finanças tem colaborado com o PSD, trabalhando muito de próximo com o líder, mas sem excessiva exposição pública, ao contrario do que aconteceu com Eduardo Catroga. Além disto, será um sinal de renovação, algo que tem sido prometido pela actual direcção do PSD. João Duque apareceu a defender as propostas do partido e trabalhou no âmbito do "Mais Sociedade".
Eduardo Catroga conhece o programa do partido como ninguém, mas a forma como o defendeu, entrando muitas vezes em contradição com o líder dos social-democratas, cometendo ‘gaffes' - como comparar a liderança de Sócrates a Hitler - e com demasiadas intervenções públicas, parecem ter afastado o ex-ministro das Finanças de um regresso à Praça do Comércio. Entretanto, Catroga aceitou ser renomeado administrador do Finantia, o que parece mais um sinal de afastamento de um regresso ao Governo.
Já Vítor Bento, um economista próximo de Cavaco Silva, está bem posicionado para as Finanças. O Conselheiro de Estado tem uma qualidade técnica reconhecida à esquerda e à direita e um perfil que agrada a quase todos, nomeadamente à Presidência da República, asseguram fontes social-democratas. Mas há quem no PSD defenda que esta é uma opção arriscada e sustentam esta tese com o ‘efeito' Campos e Cunha. Ou seja, alguns social-democratas temem que Vítor Bento no momento em que não concorde com algumas opções ou medidas do Executivo, bata com a porta, tal como fez Campos e Cunha com Sócrates.
O mais político dos ministros das Finanças
O ministro das Finanças deve ser, em quaisquer circunstâncias, "o" ministro, defende Joaquim Pina Moura. O ex-ministro das Finanças de António Guterres diz que as "circunstâncias actuais, em que o que está em causa é um programa de ajustamento económico e financeiro, dada a grave situação em que o país se encontra", força a que o perfil deste ministro seja ainda mais relevante do que o habitual. O futuro ministro das Finanças deverá ser "aquele que concentra e exerce mais poder transversal", isto é, que efectivamente, não apenas coordena, mas também dirige e decide em campos que têm consequências em todas as áreas e pelouros da governação", conclui Pina Moura.
Uma outra fonte do PSD, que preferiu não se identificar, diz mesmo que o próximo ministro das Finanças será mesmo mais importante do que o primeiro-ministro. Estará mais exposto, interna e externamente, e precisa de ser ainda mais negociador do que ele.
O politólogo André Freire diz que além de obrigatoriamente ter que ser "tecnicamente forte, o próximo ministro das Finanças tem acima que tudo de ter uma vertente política muito forte". "É crucial", sublinha. O politólogo lembra que haverá a necessidade de negociar com outros parceiros de governo, já que o mais provável é que o Executivo seja de coligação, e também com a oposição.
António Costa Pinto concorda e defende que além da "experiência na máquina do Estado" e "alta competência técnica" este ministro das Finanças terá que ter uma vertente política forte. "A associação entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças terá que ser muito estreita". Tal como André Freire, António Costa Pinto sublinha a importância do próximo ministro das Finanças ter que ter uma capacidade de resposta e negocial com a Presidência da República, Governo e partidos da oposição. Em jeito de conclusão o politólogo diz que a partir de agora "80% da vida política do país está no Ministério das Finanças".
«DE»
1 comentário:
Posso perguntar de onde vende-se os autoculantes do melão de Alpiarça. Na cãmara não me sabem dizer.
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