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domingo, 22 de maio de 2011

Um mundo imprevisível


Os portugueses, nas últimas semanas, dado o bombardeamento da Comunicação Social, têm estado voltados para a sua própria realidade nacional - tão difícil de aceitar - e agora, com eleições à vista, para as pugnas eleitorais. Os partidos, com responsabilidades no arco governamental, discutem as culpas recíprocas, num passado recente, e parecem ignorar a tão difícil realidade pós-eleitoral, que no fundo é o que mais interessa às mulheres e homens comuns. É mau, que assim seja, quando a política - e os políticos - parecem estar pelas ruas da amargura... Assim não vão melhorar. Mas, enfim, as coisas são o que são e não o que desejaríamos que fossem.
Entretanto, o Mundo anda e caminha, como dizia o poeta. Os acontecimentos sucedem-se, com enorme rapidez, e alguns à nossa porta, do outro lado do mare nostrum, o Mediterrâneo, mas também do outro lado do Atlântico e no nosso velho Continente europeu, paralisado, sem rumo, cujos dirigentes mais responsáveis parecem ser autistas, em relação ao que se passa no Mundo e na própria União Europeia.
O Magrebe, o mundo muçulmano, está, desde há meses, em grande ebulição, com as populações islâmicas a lutarem pela liberdade - quem tal diria? - e contra as ditaduras e as teocracias, o que o Ocidente julgava impossível. Contudo, graças às contradições e às dificuldades naturais de Estados, há muitos anos oprimidos, as saídas não parecem ser fáceis, apesar da universalidade dos valores democráticos se ter afirmado... Talvez como nunca.
É certo que na Tunísia e no Egito, onde se deram as primeiras revoltas, em favor da liberdade, não houve grande resistência dos governos. Ao contrário de outros Estados islâmicos, como a Líbia, a Síria, o Iémen, etc., em que a repressão tem sido violentíssima e ninguém é capaz ainda de fazer vaticínios quanto ao futuro próximo. Kadhafi parece agora fugido e, pelo menos, aparentemente, sem futuro. Como o ditador sírio, Al Assad, que foi intermediário entre a Coreia do Norte e o Irão, na venda de mísseis a este último país, talvez dos mais problemáticos de todos.
Dez anos depois do atentado fatal das Torres Gémeas, em Nova Iorque, que pôs à luz do dia o fenómeno inimaginável do terrorismo islâmico, liderado por Bin Laden, que se tornou num mito, os comandos americanos, numa operação inesperada, próximo da capital do Paquistão, conseguiram assassiná-lo. O Presidente Obama, que assistiu à operação, pela televisão interna do Pentágono, disse que a autorizou, sem hesitar um momento.
É compreensível, dado o que a América sofreu. A sua popularidade subiu em flecha e pode encarar agora o seu segundo mandato com tranquilidade - o que é importante para o Mundo inteiro - embora, no plano da crise económica e financeira, a situação dos Estados Unidos continue a não ser brilhante. Como, aliás, mais ou menos, por toda a parte, não é. Do Japão à China, da Índia à Ibero-América e, sobretudo, à África e ao mundo árabe e muçulmano.
O Japão sofreu uma tragédia natural: foi abalado por um tsunami, seguido de um tremor de terra muito violento, que pôs em causa várias centrais nucleares. Uma tripla desgraça. Durante a qual o povo japonês reagiu com uma dignidade e uma coesão nacional que espantou o Mundo. Veremos como as coisas vão evoluir, neste Mundo perturbado, imprevisível e inseguro, desta segunda década do século XXI. Com a Ciência a dar saltos de gigante e o nosso planeta cada vez mais vulnerável, pela insensatez dos homens. Tenhamos confiança no humanismo que resultou da II Guerra Mundial e saibamos lutar pelos valores éticos que os nossos pais e os grandes intelectuais do século passado e do atual nos ensinaram.
«Visão»

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