Michael Schlecht dá o exemplo da situação na Grécia para aconselhar Portugal a exigir outro tipo de auxílio à Europa. E escreve que a Alemanha também recebeu ajudas após a Segunda Guerra Mundial sem serem impostas medidas de austeridade.
Um deputado da quarta força política do parlamento alemão (foto) enviou uma carta dirigida ao primeiro-ministro português em que aconselha os políticos nacionais a recusarem o pacote de ajuda definido pela Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu.
“Recusem o prosseguimento da política de austeridade”, defende Michael Schlecht na missiva, referindo que o plano de resgate prejudica o desenvolvimento de Portugal, além de representar uma ameaça à democracia. “[As] medidas de poupança aliadas a uma enorme deterioração, inclusivamente no sector político-social, ameaçam prolongar a crise que o país atravessa”, escreve o deputado do Die Linke (A Esquerda).
Para que isso não aconteça, Schlecht diz que o país deve exigir ajudas da União Europeia para recuperar economicamente. E deu o exemplo da Alemanha no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, uma altura em que recebeu auxílio para a sua reconstrução através do Plano Marshal “e não devido à aplicação de planos de austeridade”. O partido, de acordo com este deputado que é o responsável pela área económica, pretende que sejam os mais ricos a suportar os encargos da crise financeira.
E, adianta o deputado da força política Die Linke no Bundestag, a União Europeia e a Alemanha não se iriam opor a essa via, porque os estados-membros não querem colocar o país em insolvência, precisamente porque isso colocaria em risco a moeda única.
“O governo da República Federal Alemã tem plena consciência de que a Alemanha é a principal beneficiária do euro e que muito tem a perder”, salienta aquele que é um dos 76 deputados do partido de esquerda presentes nos 621 assentos no parlamento alemão.
A rejeição da ajuda é uma medida que o parlamentar defende na missiva dirigida a José Sócrates devido à situação económica vivida actualmente pela Grécia que, depois de receber a ajuda há um ano, está agora em risco de ter de reestruturar a sua dívida. “Esta política conduziu a efeitos catastróficos no desenvolvimento económico da Grécia”, escreve. “A actual situação da Grécia é uma série advertência para Portugal”, evidencia Michael Schlecht, dizendo que, se o plano de austeridade definido for aplicado, “para além do sofrimento agora exigido ao povo português, os sacrifícios seriam em vão”.
E deixa um aviso relativamente ao crescimento dos partidos e de movimentos populistas e nacionalistas, caso sejam cada vez mais pedidos esforços adicionais. “Sendo estes [partidos] coroados de êxito, a Europa ficaria ameaçada por um futuro hediondo e obscuro”, adverte.
«JN»
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