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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Coisas de Outros Tempos

Artigo de Opinião
Por: Augusto Gil

Por volta dos anos 50 e recordar, por exemplo, quando os filhos tratavam os pais por Você, o Tu… nunca. Bastava por vezes um olhar e o respeito aparecia, as horas das refeições eram condicionadas e todos tinham que estar à mesa à hora combinada, rezar antes e depois era uma constante, o pai iniciava a refeição servindo-se e de seguida a mãe e depois os filhos; chegar fora de horas a casa sem autorização? Sujeitava-se a dormir na rua; todos tínhamos que aprender as tarefas domésticas “de costas ou de barriga”.
O chapéu era um adorno tirado, por educação, na Igreja, à mesa, em qualquer casa onde se entrasse, bem como na rua para cumprimentar alguém. As mulheres andavam de lenço de cor na cabeça, substituindo-o pelo preto nas missas, funerais e festas religiosas; o vestuário preto era quase obrigatório para viúvas ou viúvos. O homem tinha todos os direitos e dispunha como lhe apetecesse do governo da casa. A mulher era submissa em todos os aspectos e quando desejada, não podia dizer que não (nem com a história da dor de cabeça se safava).
Da fogueira de cepa, sobro, pinho e oliveira que durante anos substituiu os fogões agora existentes para “caldeirar” e mesmo aquecer a casa, aparece o fogareiro a “Pitrol” uma peça revolucionária feito de cobre e umas bombadas e a cabeça aquecida com álcool verde, o espevitador desentupia o buraquinho e zás, era mais rápido; também o ferro de passar aquecia com brasas no seu interior (por vezes, lá caía uma e queimava a roupa) e a famosa braseira sobre a qual se colocava prata para aguentar mais tempo. Também os cigarritos Provisórios e Definitivos sabiam bem quando acesos numa brasa.
As matanças de porco eram uma festa para a família e amigos; a carqueja queimava os pêlos do dito e depois de aberto, enchia-se a bexiga de ar que fazia as delícias dos mais novos usando-a para jogar à bola. A cachola com batatas ou com arroz, o fígado grelhado com alho, azeite e cebola e umas febras, tudo cortado, eram os pratos mais usuais nesse dia. Dias depois as mais idosas, com os cravinhos, cominhos e calda de pimentão, com a carne cortada em pedaços faziam as chouriças, morcelas e farinheiras e, como não havia frigorífico na altura, a carne e o toucinho eram colocadas nas salgadeiras (arcas de madeira com sal), tradição ancestral na qual, mais tarde, o toucinho (mesmo rançoso) era usado nas sopas para dar gosto. A maior parte das casas tinham o forno para cozer o pão ou mesmo para assar uma galinha.Casas de banho? Qual quê! Uma pia ligada a uma fossa no quintal ou, por vezes, o palheiro. E porque não falar das “ciroulhas”? Essa roupa interior vestida pelos homens e por vezes usadas como fatos de banho. Recordo na praia da Nazaré bem cedinho, as mulheres com as camisas de dormir a tomarem banho e depois, ver-se aquelas cuecas e soutiens de gola alta impressionantes! E, para finalizar, em tempos idos, poucos homens tiveram oportunidade de ver as suas mulheres nuas. Mesmo casadas, a vergonha e o respeito eram um dom…Hoje? Vai lá vai

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