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sexta-feira, 11 de abril de 2014

OPINIÃO: “não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”.

Por: Isabel Faria
Apesar das expectativas que a eleição de Assunção Esteves criou em alguma Esquerda, por ser mulher, como se o género tivesse alguma coisa a ver com a dignidade, a integridade ou a canalhice, a actual Presidente da Assembleia da  República,  há muito que nos mostrou a sua verdadeira face.
Há quase um ano, em Julho de 2013, quando nas bancadas da AR se gritava pela demissão do Governo, na poltrona que o a Direita no Poder permite à sua prepotência, à sua arrogância e ao seu autoritarismo antidemocrático, aos berros, declarou que se devia repensar a autorização de abrir as galerias do Parlamento ao Público, berrou que não foram eleitos para ser “amedrontados e desrespeitados”  e citou Simone de Beauvoir numa frase que a escritora francesa escreveu acerca da opressão nazi sobre a França “não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”.
Depois da comparação feita dos portugueses que se manifestavam contra o Governo com os nazis, e da abusiva citação de Simone de Beauvoir, escritora e militante empenhada, anti-fascista e de Esquerda, que deve ter dado uma quantidade de voltas no túmulo ao ser citada por semelhante criatura, quem se pode, agora, admirar das suas declarações acerca da pretensão dos militares que, há 40 anos, fizeram o 25 de Abril de intervirem na sessão solene comemorativa do Dia da Liberdade?
Se “eles querem falar o problema é deles”. Assim, laconicamente reles. Eles, referindo-se aos homens que nos abriram as portas à liberdade e à Democracia. Através da CS, sem se dar, sequer,  ao trabalho de responder directamente (e oficialmente) à diligência (oficial) da Associação 25 de Abril.
Se ela continua como Presidente da Assembleia da República, o problema é nossos.
Se os Partidos de Esquerda Parlamentar, que já naquele dia de Julho de 2013, deveriam ter tido a hombridade de abandonar a sessão do Parlamento, pactuarem com esta enorme falta de respeito pelos homens que fizeram o 25 de Abril, pelo 25 de Abril e pela democracia, e estiveram presentes na palhaçada (que me perdoem os palhaços honrados), da sessão oficial, o problema é meu e de todos os que os elegeram. Estão lá com o nosso voto. E estão lá porque se comprometeram em defender o espírito do 25 de Abril. E o 25 de Abril.
Também é por esta sua inconsequência e falta de coragem política que aqui chegámos.
Entretanto, a Associação 25 de Abril já anunciou que estará fora da sessão da AR. Tal como há 40 anos, pela liberdade, de novo hoje, pela coerência, o meu muito obrigado.

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