Por: Isabel Faria |
Faz agora um ano, deixei no meu mural
do FB, esta fotografia do Alfredo Cunha com a legenda : "Apanhamos o
próximo".
Talvez porque, este ano, o nosso
dia-a-dia se afastou ainda mais daquele dia, a legenda que hoje lhe colocaria,
podia ser a mesma, mas o tom é o seu inverso.
O que me tocava nesta foto era a
serenidade com que se esperava pelo futuro. Com que se vivia aquele dia (apesar
de sempre me ter feito alguma confusão como era possível estar ali…assim). Mas
serenidade ainda era a palavra que escolheria para descrever esta foto.
Este ano apetece-me escrever que
aquele casal somos nós como povo. Faz o que nós fazemos há 38 anos e meio,
desde aquele dia longínquo do final de Novembro de 1975: esperamos que alguém
construa o futuro por nós. Não de braço dado. De braços caídos.
“Esperamos o próximo” não para
usufruir do momento, mas porque perdemos o momento. Porque o deixámos para
outros fazerem, para outros viverem.
Colocamo-nos no passeio e vemos a
história e a vida passarem-nos em frente. Passarem-nos ao lado. Pomo-nos ao
lado da vida, esperando que ela nos traga...vida.
Naquele dia, aquele chaimite tomou a
rua para nos trazer a liberdade e a democracia. Aquele casal, de braço dado,
viveu esse dia, possivelmente, com esperança. Afinal, muito cedo se percebeu
que aqueles homens tinham tomado a rua para derrotar a escuridão da noite que
durara 48 anos. Quando ainda se pode ter esperança, a passividade pode ser
confundida com serenidade. Estranha-se…mas aceita-se.
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