Partilha de: Pedro Gaspar |
Alpiarça é geminada com Champigny-sur-marne.
Por hora partilho a noticia para reflexão sobre a sociologia e sobre a política.
Qualquer semelhança com a nossa autarquia é pura coincidência. (*)
A nova batalha dos portugueses em Champigny
Nas
eleições autárquicas francesas há portugueses em todas as listas, incluindo a
da Frente Nacional na cidade onde construíram, no passado, um histórico bairro
da lata.
Nos anos 1960/70, milhares de portugueses chapinhavam quase descalços na lama de um gigantesco bairro da lata, em Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris.
Nos anos 1960/70, milhares de portugueses chapinhavam quase descalços na lama de um gigantesco bairro da lata, em Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris.
Era um bidonville, a vergonha do salazarismo
português, muito maior, com incomparavelmente mais barracas e mais falta de
higiene, do que aqueles que imigrantes montam hoje em dia à volta das cidades
europeias e que tão criticados são.
Nessa
altura, andrajosos e humildes, os portugueses já andavam em guerra uns com os
outros. Nem podia ser de outra forma. A promiscuidade entre famílias inteiras
na pobreza mais extrema derramava em conflitos e a batalha angustiante pela
ânsia de conseguir subir na vida e ganhar dinheiro rapidamente, para sair da
lama, também.
Memorial em homenagem aos emigrantes portugueses, inaugurado em Champigny, em 2008 |
Nessa altura, portugueses mais espertos
exploravam outros. Construíam e alugavam miseráveis barracas de zinco aos novos
emigrantes que iam chegando diariamente às centenas, vendiam bacalhau, vinho a
martelo e chouriças a preços exorbitantes aos mais desgraçados, que não falavam
francês e até em português se exprimiam mal.
Quarenta anos depois do bairro da lata, a guerra regressa a Champigny com as autárquicas francesas, onde os portugueses têm direito de voto e de ser candidatos. Para a segunda volta, que se disputa domingo, concorrem três listas - uma da União da Esquerda (PS/PC, favorita), outra da União da Direita (UMP/centristas) e outra da Frente Nacional (nacionalista).
Quarenta anos depois do bairro da lata, a guerra regressa a Champigny com as autárquicas francesas, onde os portugueses têm direito de voto e de ser candidatos. Para a segunda volta, que se disputa domingo, concorrem três listas - uma da União da Esquerda (PS/PC, favorita), outra da União da Direita (UMP/centristas) e outra da Frente Nacional (nacionalista).
Há
portugueses, ou lusodescendentes - chamam-se Santos, Fonseca, Oliveira...
- em todas as listas. Três deles estão na da Frente Nacional. É a nova
guerra dos portugueses em Champigny, na região do Marne, onde ainda hoje reside
a maior percentagem de emigrantes portugueses em França.
A
presença de portugueses na lista do FN escandaliza muita gente, tanto da
esquerda como da direita. "O português tem a memória curta, os novos só
pensam na vaidade e os de maior idade esqueceram o salazarismo e a vida de miseráveis
que passaram aqui em Champigny", diz ao Expresso Irene de Oliveira,
candidata pela direita (UMP).
«Fonte: Exxpresso»
(*) Texto de Pedro Gaspar
2 comentários:
Diálogos encontrados nas redes sociais sobre esta crónica
Maria Graciete Brito /Pedro Miguel Gaspar, quando visitei Champigny, havia portugueses muito orgulhosos de o serem e de esta terra se ter transformado, com a sua colaboração naquilo que hoje é. E os franceses do Comité de Geminação viviam intensamente esta "irmandade" com a nossa e outras terras. Bastante mais do que nós, infelizmente.
Pedro Miguel Gaspar Cara Prof. Maria Graciete Brito, é exactamente aí que quero chegar. Como podemos relegar para os confins do esquecimento esta geminação , quando esta cidade representa tanto daquilo que é a arte e engenho dos portugueses ?
Maria Graciete Brito Verdade, eu até me sinto um pouco envergonhada de ter sido tão bem recebida e de não termos retribuído à altura.
Pedro Miguel Gaspar Prof Maria Graciete Brito, a história é triste mas você não é a má protagonista. Tenho fé que aí da possamos recuperar a nossa "face" nesta geminação .
Cada um tem a sua história da emigração. Os portugueses sempre foram una divisionistas das sociedades. Há portugueses em todas as listas para as ( Câmaras)Tal como há portugueses de todas as tendências politicas, a maioria tem o que merece, esta politica europeia do bloco central. Posso garantir sem aldrabices que na região onde eu vivi 32 anos a trabalhar e mais 9 na pré-reforma os portugueses residente nessa época 1969-2000, estavam divididos por todas as politicas. Fascistas,( pelo menos até 1974)comunistas, socialistas, sociais democratas e democratas Cristão, assim com dos extremos politicos. (continuarei noutra altura.)
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