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domingo, 6 de abril de 2014

Alpiarça é geminada com Champigny-sur-marne.

Partilha de: Pedro Gaspar
Alpiarça é geminada com Champigny-sur-marne.
Por hora partilho a noticia para reflexão sobre a sociologia e sobre a política.
Qualquer semelhança com a nossa autarquia é pura coincidência. (*)

 A nova batalha dos portugueses em Champigny



Nas autárquicas francesas há portugueses em todas as listas, incluindo a da Frente Nacional na cidade onde construíram, no passado, um histórico bairro da lata.

Nas eleições autárquicas francesas há portugueses em todas as listas, incluindo a da Frente Nacional na cidade onde construíram, no passado, um histórico bairro da lata.
 Nos anos 1960/70, milhares de portugueses chapinhavam quase descalços na lama de um gigantesco bairro da lata, em Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris. 


Era um bidonville, a vergonha do salazarismo português, muito maior, com incomparavelmente mais barracas e mais falta de higiene, do que aqueles que imigrantes montam hoje em dia à volta das cidades europeias e que tão criticados são. 

 Nessa altura, andrajosos e humildes, os portugueses já andavam em guerra uns com os outros. Nem podia ser de outra forma. A promiscuidade entre famílias inteiras na pobreza mais extrema derramava em conflitos e a batalha angustiante pela ânsia de conseguir subir na vida e ganhar dinheiro rapidamente, para sair da lama, também. 

Memorial em homenagem aos emigrantes portugueses, inaugurado em Champigny, em 2008
Nessa altura, portugueses mais espertos exploravam outros. Construíam e alugavam miseráveis barracas de zinco aos novos emigrantes que iam chegando diariamente às centenas, vendiam bacalhau, vinho a martelo e chouriças a preços exorbitantes aos mais desgraçados, que não falavam francês e até em português se exprimiam mal.

Quarenta anos depois do bairro da lata, a guerra regressa a Champigny com as autárquicas francesas, onde os portugueses têm direito de voto e de ser candidatos. Para a segunda volta, que se disputa domingo, concorrem três listas - uma da União da Esquerda (PS/PC, favorita), outra da União da Direita (UMP/centristas) e outra da Frente Nacional (nacionalista). 


 Há portugueses, ou lusodescendentes - chamam-se Santos, Fonseca, Oliveira... -  em todas as listas. Três deles estão na da Frente Nacional. É a nova guerra dos portugueses em Champigny, na região do Marne, onde ainda hoje reside a maior percentagem de emigrantes portugueses em França. 

 A presença de portugueses na lista do FN escandaliza muita gente, tanto da esquerda como da direita. "O português tem a memória curta, os novos só pensam na vaidade e os de maior idade esqueceram o salazarismo e a vida de miseráveis que passaram aqui em Champigny", diz ao Expresso Irene de Oliveira, candidata pela direita (UMP).

«Fonte: Exxpresso»
(*) Texto de Pedro Gaspar

2 comentários:

JA disse...

Diálogos encontrados nas redes sociais sobre esta crónica

Maria Graciete Brito /Pedro Miguel Gaspar, quando visitei Champigny, havia portugueses muito orgulhosos de o serem e de esta terra se ter transformado, com a sua colaboração naquilo que hoje é. E os franceses do Comité de Geminação viviam intensamente esta "irmandade" com a nossa e outras terras. Bastante mais do que nós, infelizmente.

Pedro Miguel Gaspar Cara Prof. Maria Graciete Brito, é exactamente aí que quero chegar. Como podemos relegar para os confins do esquecimento esta geminação , quando esta cidade representa tanto daquilo que é a arte e engenho dos portugueses ?
Maria Graciete Brito Verdade, eu até me sinto um pouco envergonhada de ter sido tão bem recebida e de não termos retribuído à altura.

Pedro Miguel Gaspar Prof Maria Graciete Brito, a história é triste mas você não é a má protagonista. Tenho fé que aí da possamos recuperar a nossa "face" nesta geminação .

Anónimo disse...

Cada um tem a sua história da emigração. Os portugueses sempre foram una divisionistas das sociedades. Há portugueses em todas as listas para as ( Câmaras)Tal como há portugueses de todas as tendências politicas, a maioria tem o que merece, esta politica europeia do bloco central. Posso garantir sem aldrabices que na região onde eu vivi 32 anos a trabalhar e mais 9 na pré-reforma os portugueses residente nessa época 1969-2000, estavam divididos por todas as politicas. Fascistas,( pelo menos até 1974)comunistas, socialistas, sociais democratas e democratas Cristão, assim com dos extremos politicos. (continuarei noutra altura.)