Os alarmes da falência soberana soam nos céus de Atenas enquanto o confronto entre o Banco Central Europeu (BCE) e o governo germânico de Angela Merkel, acerca da participação do sector privado no segundo resgate financeiro da Grécia em apenas 14 meses, se mantém sem solução à vista. Hoje mesmo haverá uma reunião extraordinária dos ministros das Finanças europeus e a crise grega, que ameaça provocar a primeira falência na zona euro, será o único ponto da agenda. "É preciso evitar uma catástrofe como a do Lehman Brothers em solo europeu", avisou já o comissário dos Assuntos Económicos e Monetário, Olli Rehn.
A Alemanha pretende que os investidores privados prolonguem os prazos da dívida em sete anos (ou aceitem uma troca voluntária de títulos de dívida) de forma a aliviar o fardo grego cerca de 30 mil milhões de euros até 2013. O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, não se opõe a uma "extensão voluntária" das maturidades da dívida. Mas ontem mesmo voltou a avisar, em Londres, que os governos do euro têm de "evitar tudo o que possa desencadear um evento de crédito, um incumprimento selectivo, ou um incumprimento".
Nem de propósito: a agência de notação financeira Standard & Poor''s (S&P) reduziu ontem o rating da dívida soberana de longo prazo da Grécia três níveis, de B para CCC. O outlook de Atenas permanece negativo, ou seja, a agência pode aplicar novos cortes no rating da República helénica, que está agora a dois níveis da falência (D). "Baseados nas recentes declarações do governo alemão antes da reunião do Eurogrupo a 20 de Junho, acreditamos que alguns credores oficiais serão confrontados com a reestruturação da dívida comercial como uma condição necessária" para o "financiamento adicional" que Atenas necessita em 2011-2013, refere a análise da S&P. "Acreditamos que a partilha dos encargos com o sector privado assumirá a forma de uma oferta de troca de dívida ou uma extensão das maturidades. Cremos que qualquer uma das transacções ocorrerá em termos menos favoráveis que os da dívida a ser refinanciada, o que será visto por nós como um default de facto. Nessa condição, o rating dos instrumentos [de dívida] afectados serão reclassificados para D, enquanto o rating de crédito da Grécia será reduzido para SD (default selectivo)".
Era justamente contra este perigo que avisava Jean-Claude Trichet. A Grécia tem 95 mil milhões de euros de dívida a vencer até 2013, aos quais se somam mais 58 mil milhões de euros em 2014. O segundo resgate financeiro do país obriga a UE e o FMI a avançarem com 45 mil milhões de euros de dinheiro fresco, esperando que as privatizações gregas rendam 30 mil milhões e que o sector privado aceite voluntariamente prolongar os prazos de outros 30 mil milhões.
Sucede a Alemanha não está disposta a ceder quanto ao envolvimento dos privados na nova ajuda à Grécia. O novo presidente do Bundesbank, Jens Wiedmann, afirmou na segunda-feira ao "Welt am Sonntag" que o euro "consegue resistir a um incumprimento soberano": "Mesmo num caso desses, o euro permanece estável". O BCE discorda
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