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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A “Bruxa do Casalinho”


Coisas de Outros Tempos
Por: Augusto Gil


Era bem pequeno quando, por motivos que já não me recordo, o meu pai levou-me com ele e com uns clientes à bruxa do Casalinho. Passavam pouco das 9 horas da manhã, quando chegamos. Num local ermo, lá se encontrava a casinha da dita senhora. Não havia ninguém. O casal saiu do carro do meu pai e entrou em casa da dita. Cinco minutos depois já regressavam ao carro e lá permaneceram até que, de um momento para o outro, começaram a chegar os ditos clientes, em carros, carroças, a pé, de todas as maneiras possíveis e imaginárias.
A senhora vidente dirigiu-se ao meu Pai e mandou que o tal casal entrasse novamente. Admirei-me porque a senhora que até àquela hora estava tão bem disposta, saiu do carro a chorar, a gritar num pranto de desgraça, esperneando. Fiquei parvo…bem como todos os presentes que, com olhares comprometidos e tristes, lamentavam. Estava possessa? Tinha um espírito mau dentro dela? Mas o que é que tinha acontecido?
Conclusão: quando tudo acabou, cerca das 11 horas, a dita senhora lá saiu pelo seu pé, bem disposta, tal como a tinha visto anteriormente. Quando chegámos; à hora do almoço, a casa, perguntei ao meu Pai o que tinha acontecido. Este, tão infantil, julgando que a resposta iria ficar em poço fundo, a sorrir confidenciou-me que, por vezes, a Senhora do Casalinho pagava o frete ao meu pai para levar o tal casal que encenava estarem possuídos por espíritos. Ela supostamente curava-os e dava publicidade aos que estavam em espera.
Ela resolvia tudo. Dava para entender…mas das bolas de naftalina, recordo outra situação. Houve uma senhora que também lá foi com problemas, pois o seu marido tinha uma amante. Aquilo foi remédio santo! Foi aconselhada a colocar bolas de naftalina no vinho, para que o homem perdesse a virilidade com a amante.
Resultou? Não sei, mas quando entrei para a tropa, o meu pai disse para evitar o vinho que aí se dava a beber. Confirmei mais tarde que colocavam de propósito as bolas para que o militar não se perdesse com mulheres…
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