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quinta-feira, 3 de abril de 2014

INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALPIARÇA, DR. MÁRIO FERNANDO PEREIRA


CERIMÓNIA DE COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DO CONCELHO DE ALPIARÇA
2 DE ABRIL DE 2014

Mário Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça


Auditório da Casa dos Patudos 
INTERVENÇÃO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALPIARÇA, DR. MÁRIO FERNANDO PEREIRA

Ex.mos Srs antigos Presidentes da Câmara Municipal
Ex.mo Sr Presidente da Assembleia Municipal de Alpiarça
Ex.mo Sr Presidente da Assembleia de Freguesia de Alpiarça
Ex.ma Sra Presidente da Junta de Freguesia
Ex.mos Srs Vereadores e restantes autarcas presentes
Ex.mas autoridades civis e militares
Senhoras e senhores convidados,

Fecham-se hoje os primeiros 100 anos sobre aquele 2 de Abril de 1914, dia em que uma lei da nóvel República conferia a Alpiarça a qualidade de Concelho; qualidade de Concelho merecida por uma terra que caminhava no sentido do progresso, e cujo papel destacado de vários dos seus filhos tinha sido fundamental para a mudança de regime operada em Portugal a 5 de Outubro de 1910.
É, em grande medida, de José Relvas – figura maior de Alpiarça – e de um grupo de republicanos alpiarcenses, apoiados em numerosos trabalhadores agrícolas e nos pequenos comerciantes, este primeiro momento de autonomia municipal.

A conquista do concelho foi, por isso, uma justa decorrência do envolvimento dos alpiarcenses – do Povo de Alpiarça numa luta que teve como consequência a mudança de regime, partindo da recusa de uma monarquia em desagregação e por uma proposta mais democrática e progressista para Portugal; mas esse envolvimento numa causa que perceberam como justa foi, no fundamental, resultado de duas características que marcam de forma indelével a nossa população: a resistência à opressão e a procura da dignidade humana.

Foram essas as marcas genéticas mais identificadoras dos alpiarcenses, e que permanecem ao longo de todo este século de afirmação do seu concelho.
Resistência à opressão e procura da dignidade que o Povo de Alpiarça retomou logo que essa República por que tinham lutado o decepcionou, o ignorou, e, no limite, traiu as suas esperanças.

Marcas que percorreram a ditadura militar e o estado novo salazarista, ganhando sempre novo fôlego, correspondendo a uma crescente determinação, tornando Alpiarça numa referência incontornável – e memorável – na luta contra o fascismo e contra a miséria, ultrapassando e vencendo a repressão e o medo, a violência, a clandestinidade e a prisão, a tortura e até o assassínio.

Foi da acção deste proletariado, agora mais consciente, mais organizado, que surgiram as páginas mais belas da história que desta terra se faz; foi daqui que se preparou o outro Abril que se desejava e que chegaria.

Foi ainda essa procura da dignidade como povo que permitiu construir Abril depois de Abril, vivenciando uma nova experiência democrática, com o Poder Local agora legitimado pelo voto popular, que transformou, que melhorou, que fez progredir e desenvolver, que tornou em muito o muito pouco que existia em 1974, criando infraestruturas essenciais, democratizando e generalizando o acesso ao ensino, à cultura, ao desporto, à justa fruição dos tempos livres, ao amparo na velhice.

Este foi um tempo de intervenção cívica e política empenhada, o tempo dos autarcas, do associativismo, de muitas centenas de mulheres e homens que contribuíram com ideias, com saber, com determinação, para criar melhores condições de vida aos seus concidadãos.

É contando com estas características do Povo de Alpiarça que abraçamos o novo século que se abre à nossa frente; o século XXI que, estando ainda muito longe do que alguns terão perspectivado, encerra potencialidades que nos cabe a todos procurar antever e explorar, abrindo caminho para os que depois de nós virão.

Caros convidados, caros colegas autarcas,
estamos hoje aqui também para reconhecer pessoas que vivem entre nós; que trabalham connosco; instituições que marcam muito positivamente os nossos dias. Pessoas e instituições que se destacaram pela sua actividade e que tornam melhor este concelho, que o valorizam e o projectam muito para lá dos seus limites físicos.
Este 2 de Abril marca também a entrega das medalhas municipais aos que se distinguiram ao longo do ano que passou, aos trabalhadores que se dedicam ao serviço municipal e ao jornal que, em 57 anos de existência, se tornou de facto numa importante voz dos alpiarcenses.

É, pois, por muitas razões – que não cabem neste breve discurso – que Comemoramos este Centenário do Concelho, que celebramos a nossa vivência enquanto comunidade.
Ao longo do próximo ano assinalaremos os 100 anos de elevação de Alpiarça a Concelho com um vasto conjunto de eventos e iniciativas, integradas num Programa de Comemorações “Alpiarça, Concelho Centenário 1914-2014; faremos os possíveis para assinalar condignamente a passagem deste tempo que autonomizou a nossa terra enquanto Município e reforçou a identidade alpiarcense; identidade feita de gente solidária e firme, resistente, empreendedora, determinada em agarrar a Liberdade e a Democracia; de gente que, com perseverança, se empenha no progresso, no desenvolvimento e na justiça social, de modo a deixar a melhor herança possível às novas gerações.

Com as limitações próprias do quadro económico e financeiro em que se encontra nosso País e as autarquias locais, procuraremos fazer deste Centenário uma festa para todos, que assuma a coesão dos alpiarcenses e a projecção exterior do concelho como objectivos centrais. Que permita a divulgação do que de melhor sabemos e podemos fazer e produzir.
Momento de recuperação da história, das vivências, das tradições culturais, do que, no fundo, determina o que somos e haveremos de ser.

Uma festa materializada na execução de um Programa cuja responsabilidade está a cargo do Município e da Freguesia, mas que conta com a preciosa e imprescindível colaboração do movimento associativo concelhio, da comunidade educativa e de um conjunto diverso de mulheres e homens constituído num grupo de trabalho criado para o efeito. Todos colocarão, certamente, o melhor do seu empenho e do seu conhecimento ao serviço desta celebração comum.

Sendo desde hoje centenário, Alpiarça continua a ser um concelho jovem, um concelho da República, cultivando os valores da Liberdade, da Democracia e do progresso social.

Aproveitemos, pois, para olhar retrospectivamente, para aprofundar o conhecimento do legado que recebemos, mas, sobretudo, para definirmos as linhas do desenvolvimento futuro, no quadro de um Município autónomo e de um Poder Local que continue essa herança e prossiga as atribuições que o 25 de Abril lhe conferiu.

Viva o Concelho de Alpiarça!
Viva a comunidade alpiarcense!