.

.

.

.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O meu direito termina onde começa o do outro

Por: J.J.C.
Vivemos numa sociedade individualista. E que prega a liberdade do indivíduo como bem maior. Acontece que individualidade e liberdade nem sempre produzem bons resultados. Na verdade, somadas, podem fazer muito mal.
Dias atrás, enquanto desenvolvia alguns argumentos teóricos, entramos num tema muito delicado: a relação que temos com nossos vizinhos. Pode ser algo bastante prazeroso, mas também provocar dores de cabeça.
Uma aluna contava que, no domingo passado, um vizinho resolveu fazer um churrasco na calçada da casa dele. Som ligado, gente a beber, ,a rir, falando alto, fumo da churrasqueira invadindo todos os espaços… Incômodo total para quem queria um domingo mais tranquilo, para quem desejava estudar, ver televisão.
Outra acadêmica comentou que, no prédio dela, uma das vizinhas deixa os filhos brincarem nos corredores, entre as portas de entrada dos demais apartamentos. Os baixinhos espalham brinquedos e outros objetos por todo o espaço. As crianças gritam, riem, brigam… E quando alguém precisa sair ou chegar, tem que desviar daquelas coisinhas todas.
Eu tenho uma vizinha que chega em casa quase sempre de madrugada. Dificilmente antes das 3h da madrugada. Está frequentemente de salto. E tem o hábito de arrastar os móveis. É rara a noite que não acordamos com o barulho dela. Na frente do apartamento, tem um dos bares mais badalados da cidade. As pessoas deixam o local muito tarde da noite. Entretanto, não sabem fazer isso sem ligar o som alto, acelerar forte e “cantar” os pneus do carro. Elas se divertem. Entendem ser o direito delas. Respeitar quem está dormindo parece significar um cerceamento à liberdade delas. 
Em todas essas situações, a gente pode pedir para as pessoas fazerem diferente. A chance de a pessoa aceitar de bom grado a reclamação é pequena. Quem age desta maneira quase sempre acha ter direito de “ser assim”, “fazer assim”. Entende estar no direito dela. Atender pedido do outro é sentido como uma agressão a sua liberdade. Esse tipo de gente tem dificuldade para respeitar o vizinho, porque está centrada em si mesma. É a tal da individualidade em ação. 
Não gosto desse tipo de liberdade. Liberdade boa é liberdade com responsabilidade. E não apenas na relação com o vizinho. Mas em todas as práticas diárias. Quando a gente pensa no outro, se sente responsável por ele. Não vai fazer churrasco na calçada e nem ligar o som em alto volume, porque o vizinho pode estar cansado, ter tido uma noite ruim ou mesmo querer simplesmente assistir sossegado o Faustão. Quem pensa no outro, entra no apartamento em silêncio de madrugada para não acordar os vizinhos. Nem põe os filhos para brincarem no corredor.
Quem tem responsabilidade com o coletivo, não bebe antes de conduzir. Não é só ele que corre risco, alguém inocente, que respeita as leis, pode ser vítima de sua “liberdade de escolha”. Liberdade boa é encontrar uma carteira com dinheiro na rua e tentar achar o dono para devolvê-la. É não jogar papel na rua… É usar o banheiro e facilitar o trabalho do zelador.
Cá com meus botões, entendo que tem algo errado, distorcido na visão de liberdade. Certos usos da liberdade representam uma escolha por ser melhor, por ser superior – como se pudéssemos nos “presentear” com alguns privilégios. Ser livre é ser igual sim, mas no sentido de reconhecer o outro como digno de meu respeito. É meu semelhante, é igual a mim como humano, mas diferente em escolhas, gostos, comportamentos. E isso requer que o aceite e o acolha em sua diferença.



1 comentário:

M.N.COUTINHO disse...

Plenamente de acordo com este POST. E acrescento a opinião dos que governam este país os amigps do PS, do PSD, do CDS e dos TPA de Alpiarça:
O deputado centrista João Almeida considerou, esta segunda-feira, que a manutenção por muito mais tempo do salário mínimo nos actuais 485 euros, “isso é altamente prejudicial também para a procura interna”. Neste sentido, João Almeida questionou o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, no Parlamento, sobre a margem para uma subida, conta a edição online do Diário Económico.E agora a minha opinião : Como é possivel viver com 485 euros na Europa onde o consumo está todo no mesmo preço, enquanto os nossos vizinhos franceses vivem com um salário minimo de 13oo euros.