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quinta-feira, 14 de maio de 2009

O camarada Álvaro Brasileiro deixou-nos

Perdemos um grande Homem.


Um lutador. Uma pessoa que nunca desistiu de tornar a nossa terra, o nosso país, o nosso mundo num lugar melhor para viver.

Ainda sou nova mas desde que existo que me lembro de ouvir falar do Álvaro Brasileiro.

Os meus ouvidos habituaram-se a palavras como “lutador”, “honesto”, “integro”, “humilde”.

São palavras muito bonitas para definir um homem, é verdade.

Mas todas as palavras serão sempre poucas para definir o Álvaro.

São pessoas assim que me fazem acreditar que é possível lutar por um mundo melhor.

São pessoas assim que me fazem ter esperança nas pessoas, nos sentimentos, em mim…

O camarada Álvaro Brasileiro deixou-nos.

Com ele, leva uma história que pode ser contada e recontada mas jamais será esquecida.

Uma história que farei questão de contar aos meus filhos, aos meus netos.

Quero continuar a acreditar que pessoas como o Álvaro partem mas ficam outras que continuam a lutar.

Lutar por um amanhã diferente, um amanhã melhor. Mais digno, mais justo, um amanhã que

nos ponha um sorriso nos lábios e um olhar de esperança.

posso dizer obrigada.

Obrigada Álvaro por tudo o que fizeste por nós, por tudo o que representaste e por tudo o que fica.

Até sempre camarada Álvaro…


Joana Serrano

3 comentários:

Anónimo disse...

Álvaro Brasileiro - um camarada, um amigo

"- Morreu o Álvaro Brasileiro.

Assim me disseram pelo telefone. Ontem.
E tudo o resto, todas as notícias, todos os pequenos acontecimentos (grandes que eles fossem), tudo o que preenche os dias se apagou perante a brutalidade do telefonema. Que nem sei se agradeci como o devia ter feito.

Desde ontem, anda comigo a lembrança que me trouxe a morte do amigo, do camarada, um dos casos em que escolho a ordem alfabética para dizer o que o Álvaro era para mim. Um amigo, um camarada. Um amigo camarada, um camarada amigo.

Conhecemo-nos em Caxias, ambos com 27 anos que no mesmo ano nascemos. Era, o Álvaro, um dos três de Alpiarça - com o Abalada e o Arraiolos - mais velhos. Sim, porque os outros três - o Machado, o Marvão, o Raposo/"Facalhim", que também recentemente morreu sem que lhe tivesse dado o abraço de que estávamos em falta há 45 anos - andavam próximos dos 20.

Calmo, ponderado, consistente, assim o conhecemos. E à Justina, que víamos através das redes das visitas, sempre a companheira.

Depois, foi a vida e a luta que nos fizeram encontrados tantas vezes. Sempre o amigo, sempre o camarada. Nas campanhas de 1969 e 1973, na revolução por que lutáramos. Às vezes em convívios no meloal, ou em sua ou em minha casa, só porque nos sentíamos bem juntos. Como amigos. E camaradas, sempre.

Na Assembleia da República, o nome do Álvaro Brasileiro, eleito pelo distrito de Santarém, está inscrito - queiram-no ou não os historiadores encartados - como um dos mais prestigiados deputados, um que, entre "doutores e engenheiros", se fazia respeitar como operário rural, como seareiro, que sabia o que queria e sabia do que falava, que chegou a presidente da comissão de agricultura, não por arranjos e conluios mas por indiscutível mérito. Tive a sorte de partilhar com ele os dois mandatos por Santarém, no curto período em que coincidimos na AR. Foi dos tempos mais ricos da minha actividade parlamentar. Ao Álvaro Brasileiro o agradeço! Como nós trabalhámos em perfeita cooperação, apenas com a finalidade de estarmos ali ao serviço dos interesses de quem representávamos! E fizemos, os dois, uma inesquecível volta a quase todos os concelhos de Santarém, prestando contas do que fizéramos em representação do povo do distrito.

Nunca deixámos de nos encontrar e abraçar e conviver, com ou sem pretextos.
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Só mais dois episódios que ajudarão a transmitir, nestas magoadas palavras, o que sinto. Um, lembrando a tão sintomática situação de ter tido de ser, há poucos anos (muito depois de 1974!), testemunha de defesa (abonatória) do Álvaro, num tribunal, por ele ter co-assinado um documento político, o que o levou, com outros camaradas, àquela situação, a ele que fora julgado pelos tribunais plenários do fascismo, tal como eu o fui; outro episódio foi o da alegria que ele me deu ao aceitar apresentar o meu último livro em Alpiarça. O 50 anos de economia e militância teve, em Álvaro Brasileiro, o amigo e o camarada que deu o testemunho mais claro e insofismável do que foi a luta militante (e na economia produtiva) deste meio século que atravessámos. Com as nossas fragilidades mas com as nossas convicções e determinadas vontades. Esta luta que continua, Álvaro. Sem que estejas ao nosso lado, mas continunado connosco. Com o teu exemplo.

Sérgio Ribeiro

Economista
Membro da DORSA do PCP
Antigo Deputado na AR
Antigo Deputado no Parlamento Europeu

Anónimo disse...

Um texto muito bonito e de grande sensibilidade de Joana Serrano sobre um Homem que deve continuar a ser (sempre) uma referência para todos nós.

Anónimo disse...

A Joana Serrano, mesmo sendo uma mulher muito mais jovem que o Álvaro Brasileiro, desde muito cedo que tem estado ligada ao trabalho político do PCP (penso que na Comissão Concelhia) a da CDU, onde teve a oportunidade de aprender muito com militantes mais experientes e que muito deram à luta dos trabalhadores e a Alpiarça, como é o caso do Álvaro Brasileiro, do António Castelo, do Manuel Ganhito, do Vítor Fernandes velhinho, do Chico Galiza, do António Calarrão, do Leocádio de Vale e de muitos outros.
Também como eleita na Assembleia de Freguesia teve essa oportunidade de trabalhar para o desenvolvimento da terra e de aprender com camaradas e até com os adversários que por lá passaram.
A Joana Serrano é uma boa escolha da CDU para ganhar a Junta de Freguesia de Alpiarça, uma oportunidade de rejuvenescer com ideias novas e nova prática política a nossa junta.