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segunda-feira, 4 de maio de 2015

QUEM REPRESENTA O QUÊ


Este representante das piores ideias dos accionistas e administradores empresariais parece estar muito preocupado com a falta de renovação dos dirigentes sindicais, o que é uma preocupação meritória e importante na revitalização dessas organizações, mas só diz respeito aos respectivos associados, como em qualquer outra associação social. Na sua associação empresarial são sempre os mesmos dirigentes? Pois avance, candidate-se ou vote noutros. Se os deputados do seu partido são sempre os mesmos, vote noutros… 

Mas o verdadeiro problema deste porta-voz dos accionistas e administradores empresariais não é a renovação dos dirigentes sindicais mas sim em que medida as posições e acções destes defendem os trabalhadores e reforçam a sua determinação. É que, na realidade, quanto menor for o salário e os direitos pagos aos trabalhadores, mais aumentam os prémios de gestão destes novos “feitores“ finos e mais dinheiro metem ao bolso dos accionistas ou dos empresários ! Nestes anos de crise (para a maioria dos portugueses) houve empresas que, praticando baixos salários, se serviram da crise e de terem tido prejuízos para não actualizarem os salários dos seus trabalhadores mas, ao mesmo tempo, distribuíram milhões de dividendos aos accionistas. Um exemplo: em 2011, a Sonae SGPS pagou 66,2 milhões de dividendos e teve 63 milhões de prejuízos (Fonte: Expresso, março 2015)! Claro que para este novo “feitor” fino está tudo muito bem e os sindicatos que reivindicaram melhores salários é que só atrapalharam e puseram em causa a empresa ! Cada um escolhe o lado que quer. Ele escolhe a rapina feita por uma minoria, eu escolho os trabalhadores e suas famílias porque são a maioria da população!

Sobre a proliferação dos sindicatos nas empresas, é interessante recordar que os que defendem as mesmas ideias deste “feitor” fino são os mesmos que fomentaram a criação de novos sindicatos, muitas vezes, nas suas próprias empresas para, através da manipulação dos seus lambe-botas, sabotarem a organização da luta dos trabalhadores ! Agora queixam-se que são sindicatos a mais… Do mesmo se queixam muitos trabalhadores que acabam por ver as negociações sabotadas por esses sindicatos dos “patrões” ! 

Quanto à redução do número de trabalhadores sindicalizados nos últimos anos, mesmo considerando que existem menos trabalhadores no ativo com o encerramento de dezenas de empresas, isso é um facto. Com a desprotecção dos trabalhadores,baixos salários e a precarização do trabalho imposta na legislação pelos últimos governos, em especial do PSD/CDS (contratos individuais, contratos a termo e recibos verdes ilegais, à hora, etc.), o acto de sindicalização é quase um acto heróico, mesmo que seja feito fora das vistas da empresa, por causa das eventuais discriminações de chefes e patrões… 

Por último, ao escrever “em 2010 a negociação coletiva determinou as tabelas salariais pelas quais se regiam cerca de 88,5% dos contratos dos trabalhadores por conta de outrem do setor privado, e que serviram de referência para a negociação dos Acordos de Empresa que subsequentemente se realizaram” acaba por demonstrar o oposto do que pretendia: a verdadeira representatividade social dos sindicatos e a grande importância dos da sua luta pela melhoria do nível de vida dos trabalhadores, mesmo para aqueles que não são sindicalizados e não pagam quota. Obrigado!
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1 comentário:

Anónimo disse...

Estes sindicalistas de profissão cantam muito mas não nos alegram. Aliás cada vez alegram menos trabalhadores, que se vão consciencializando que apenas se defendem a eles próprios com uma fatia imensa do orçamento do estado paga por todos nós.
Se assim não fosse a percentagem de trabalhadores sindicalizados estaria a aumentar em vez de descer abruptamente de ano para ano e cada vez mais.
Veja-se a asneirada que fizeram na Renoldy que levou os patrões ao encerramento imediato, contrariamente ao que inicialmente estava previsto.