Dezenas de peixes mortos na margem da barragem frente às piscinas municipais

 O problema não foi resolvido. A eutrofização, os químicos, a matéria orgânica, os engodos, as cianobactérias ou o raio que os parta (!) lá estarão, para nos fazer lembrar e assistir languidamente a mais uma matança, uma calamidade em que nada foi feito para evitar o arrastar da tragédia certa

Por: Repórter Ypsílon

Não há dúvida de que Alpiarça está em movimento. Este fim-de-semana foi farto em eventos que mexeram com a Vila. Valha-nos ao menos isso. Na tarde deste Domingo solarengo, quem passou pela avenida Manuel Vital junto à barragem dos Patudos, viu certamente dois velejadores nas águas verdes e fedorentas da albufeira, que caíam da prancha frequentemente, devido à pouca intensidade do vento, segundo lamentaram. Vieram de Lisboa para estas bandas em visita a uns familiares, e depressa se apaixonaram pela cidade de Santarém, onde vivem desde há um ano e meio, mais coisa menos coisa. Com o bichinho da vela e do surf a morder-lhes a alma e as entranhas, quiseram saber onde poderiam dar asas ao seu desporto favorito. Alguém lhes falou da barragem dos Patudos de Alpiarça, onde não falta espaço para estacionamento de viaturas, para os garotos brincarem aos índios e cowboys e fazerem as diabruras que entenderem à sombra de frondosas árvores. Visitaram a barragem dos Patudos pela primeira vez em Novembro de 2014 e, desde então, sempre que o tempo ajuda, cá estão sem falta para mais uma escapadinha, fugindo assim à rotina do dia-a-dia na cidade. Carrinha tipo furgão, apetrechos, mulheres e miudagem atrás, para uma tarde bem passada, ao ar livre e na pureza da charneca. Apareceram por cá no Inverno e não se terão apercebido de todo aquele drama que todos nós vivemos tempo antes, nos meses de canícula com a mortandade da fauna piscícola e avícola e, naturalmente com os consequentes maus cheiros dificilmente suportáveis deste lugar, aparentemente tranquilo em época de chuvas.

Mas, a realidade é cruel. O calor está de volta. O problema não foi resolvido. A eutrofização, os químicos, a matéria orgânica, os engodos, as cianobactérias ou o raio que os parta (!) lá estarão, para nos fazer lembrar e assistir languidamente a mais uma matança, uma calamidade em que nada foi feito para evitar o arrastar da tragédia certa. Esta é a inteira verdade! A outra meia verdade, como vimos é para ser vivida apenas nos meses de inverno. Hoje, 10 de Maio de 2015 pelas 19:00 h (e note-se que ainda estamos em tempo de primavera, fresca e florida como convém) havia dezenas de peixes mortos na margem da barragem frente às piscinas municipais. Os nossos visitantes saíram convencidos de que aquela cena dos peixes mortos se devia, quiçá, a um concurso de pesca do dia anterior (sábado).

E depois, meus senhores, o que vamos dizer a quem nos visita quando todos tiverem os factos à sua frente? Não seria melhor dizer publicamente que, afinal, a água da barragem que em princípio julgávamos ter “qualidades balneares” afinal não é bem assim e que, representa até um perigo para a saúde de qualquer ser humano e, possivelmente, de outros animais? Talvez não fosse uma coisa assim tão exagerada perante a situação, não acham? 

Para livrarmos qualquer responsabilidade que surja no presente e no futuro, enquanto o problema não for resolvido, não seria aconselhável colocar uns avisos nas margens da barragem dizendo: “Água Contaminada Imprópria para Banhos” (ou algo parecido) e até para outras atividades desportivas em que há contacto direto desta água com a pele? Isto, claro está, a fazer fé no resultado das últimas análises à água da barragem dos Patudos e aos próprios peixes mortos, pedidas pela autarquia a laboratório credenciado e reveladas publicamente por alguns políticos locais da oposição. De realçar que, oficialmente, da parte do executivo da CDU a dirigir a Câmara Municipal de Alpiarça, ainda nada foi confirmado ou desmentido publicamente, sobre o assunto.

É sabido que o português tem por hábito colocar trancas à porta só depois de lhe terem roubado a casa.
Vamos esperar que isso não aconteça com a Câmara Municipal de Alpiarça, responsável pelo complexo dos Patudos, tão apreciado por quem nos visita.