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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Esclarecimento em resposta ao comunicado difamatório do "Movimento Todos por Alpiarça"


Exmos. Srs​

Venho pelo presente e ao abrigo do direito de resposta dar o seguinte esclarecimento em resposta ao comunicado difamatório do "Movimento Todos por Alpiarça".

Solicito assim a publicação do mesmo ao abrigo do direito de resposta.​

Enquanto coordenador da União dos Sindicatos do Distrito de Santarém (USS/CGTP-IN) venho pelo presente prestar esclarecimentos, em primeiro lugar porque  honestamente entendo que, a USS/CGTP-IN enquanto instituição prestigiada existente desde 1976, não necessita sequer de se vergar 1 mm para discutir com alguns cidadãos que não estiveram, não estão e nunca vão estar do lado dos trabalhadores.
Em segundo lugar porque não posso permitir que algumas noticias sejam publicadas e replicadas tornando dessa forma em verdades, as mais grosseiras medidas.
Em relação ao comunicado emitido pelo "Movimento Todos por Alpiarça" sobre a situação vivida na Renoldy, mais do que preocupação com os trabalhadores revela uma vontade inacabável de destilar rancor e ódio por forças democráticas, como a USS/CGTP-IN e o SINTAB, de tal ordem que faz relembrar as considerações do Dr. Oliveira Salazar sobre aqueles que lhe faziam frente.
Insinuações sem nexo que apontam para os sindicatos como o grande mal da humanidade e que  no mínimo são insultuosas para todos aqueles que defendem o 25 de Abril e os direitos e liberdades dele resultantes.
Revelam ainda uma enorme falta de consideração pelos concidadãos do concelho de Alpiarça, uma vez que ainda os membro de tal intitulado movimento eram muito jovens, já homens e mulheres do concelho de Alpiarça davam a cara pela USS/CGTP-IN e pelos direitos dos trabalhadores.
Permitem-me que recorde o António Calarrão e o Manuel Garriapa. Sem o seu trabalho sindical, certamente muito dos que hoje enchem o peito para gritar contra quem exige respeito por quem trabalha, não teriam sequer estudos ou a visibilidade necessária para o fazer.
É então de uma enorme ingratidão e cegueira reaccionária tal comunicado.
Devo ainda dizer que estranho a forma como tais autarcas questionam a forma como os trabalhadores rejeitaram o lay-of pois só revela que os seus emissários nos plenários sindicais registam de forma parcial a informação.
A questão do lay-off é tão simples como isto: o lay- off está previsto na lei e como tal a empresa não precisa do acordo dos trabalhadores para o implementar. Basta que tenha realmente dificuldades e que cumpra com todos os passos previstos na lei, inclusivamente a entrega de dados financeiros à Comissão Sindical.
Aceitar um lay-off sem serem cumpridos esses formalismos é antes demais ilegal e lesivo para a Segurança Social e consequentemente para nós que pagamos impostos diariamente.
A empresa poderia se assim o entendesse ter aplicado o lay-off, bastava ter vontade e verdadeiras condições para o fazer.
Quanto ao encerramento, é irreal imaginar  que esta medida foi preparada de um dia para o outro. Essa medida estava preparada certamente à mais tempo, o lay-off ilegal apenas serviria sobretudo para que a administração recebesse da segurança social 70% dos vencimentos e amealha-se mais algum dinheiro dos trabalhadores que serviria para pagar os despedimentos.
Também o encerramento da empresa obedece a regras que não estão a ser cumpridas.
Não se fale de boa vontade quando a administração não demonstra o mínimo de disponibilidade junto dos trabalhadores para a mesma.
Penso que em mais do que apontar os dedos ao movimento sindical,  o "Movimento Todos por Alpiarça", deveria sim preocupar-se antes demais com a forma como a administração está a sonegar informação e a fugir ao cumprimento da lei. É o que se espera de autarcas e cidadãos responsáveis, afinal vivemos num estado de direito e não no neo-liberalismo absoluto.
Deveria também o Movimento preocupar-se com questões de fundo, como o que a administração fez para que a fábrica não tivesse que fechar. Pelo que sabemos absolutamente nada. Inclusivamente extinguiu a marca própria da Renoldy.
Por fim recomendo  que  o "Movimento Todos por Alpiarça", os seus responsáveis e outros, tenham algum tino nas expressões que utilizam quando falam dos trabalhadores da Renoldy, pois para além da má imagem que passam dos trabalhadores o que lhes pode ser prejudicial de futuro, estão a passar um atestado de estupidez a quem não o é.
Não havia problemas laborais na Renoldy? Então os trabalhadores participaram em greves porquê?
Seria bom que se informassem pois para além dos problemas gerais que afectam outros trabalhadores, dentro da Renoldy havia também problemas em concreto e muitas das vezes empolados pela administração não dar a  cara aos trabalhadores. Tal como agora o está a fazer.
Isso não é honestidade é tratar as pessoas como objectos descartáveis e ainda bem que ainda existem trabalhadores com dignidade para não o aceitar.
Termino por dizer que o movimento sindical vai continuar a empenhar-se para salvaguardar postos de trabalho, para que seja cumprida a lei e sobretudo para que os trabalhadores saiam o menos prejudicados possível desta situação.
Do que conheço orgulho-me dos homens e mulheres da Renoldy e o que Alpiarça precisa é de uma grande solidariedade e unidade em torno destes trabalhadores, não de "Capitães Falcão" que se preocupam mais com o bem estar de alguém que não está no concelho, nem se preocupa com as consequências do encerramento da fábrica, em detrimento da merecida valorização da coragem e exemplo de sobriedade da maioria dos trabalhadores da Renoldy.

Os meus cumprimentos.
Rui Aldeano