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terça-feira, 12 de agosto de 2014

As politicas governamentais agravam as condições de acesso a cuidados de saúde e aumentam o sofrimento dos utentes!

As politicas governamentais
agravam as condições de acesso a cuidados de saúde
e aumentam o sofrimento dos utentes!



Nos últimos meses foram diversos os momentos, a forma e os locais onde as estruturas de utentes chamaram à atenção para os graves problemas no acesso a cuidados de saúde, nos hospitais e centros de saúde, que implicam o sofrimento de utentes e familiares.

“Já ninguém no Distrito (utentes, autarcas, deputados, responsáveis regionais da saúde,…) consegue esconder um profundo mal-estar: pela falta de profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares e administrativos); pela carência de equipamentos, material clínico e de enfermagem, medicamentos e outros consumíveis; pelas restrições na prescrição de medicamentos, meios de diagnóstico e terapêutica; pelas infindáveis listas de espera para cirurgias e consultas de algumas especialidades; pelo encerramento (ou não funcionamento) de extensões de saúde e farmácias nos meios rurais; pelo encerramento de serviços hospitalares e pelo mau funcionamento de outros, como as urgências; pelos problemas com o transporte de emergência e as restrições no transporte de doentes; pela ausência de uma rede adequada de cuidados continuados e paliativos; pela desarticulação entre os diversos níveis de prestação de cuidados de saúde.” A estas situações, algumas das quais se agravaram, juntamos ainda a informação de que pelo menos nas 4 unidades hospitalares há suspeitas de existir amianto nas suas construções.
A situação tem vindo a agravar-se de tal forma que, para além dos protestos dos utentes e os trabalhadores com os seus sindicatos (médicos, enfermeiros, função pública) e ordens profissionais, também os autarcas levantam a sua voz face às situações dramáticas que se vão conhecendo. Como exemplo, as tomadas de posições das Comunidades Intermunicipais da Lezíria e Médio Tejo que, face à degradação na prestação de cuidados de saúde, solicitaram reuniões com o Ministro da Saúde. Muitas autarquias, com destaque para as Assembleias Municipais, aprovaram moções e outros documentos rejeitando a Portaria 82/2014, que poderá levar ao encerramento de dezenas de serviços hospitalares.

O Ministério da Saúde tornou público que vai abrir concurso para a admissão de 15 médicos de família para o Distrito, mas as necessidades definidas pelos responsáveis são de meia centena de profissionais. Nos concelhos como Abrantes, Rio Maior, Sardoal, Salvaterra, Almeirim, para não falar das unidades hospitalares… há graves problemas com a falta de médicos e enfermeiros.

O Ministério da Saúde quando inquirido ou contestado sobre as leis (p.e. Portaria 82/2014) e normas que ele próprio cria e publica é de um notório “deixa passar o tempo pode ser que se cansem”. Assim, publicamente e em reuniões vão dizendo que as leis são só projectos. A cada inquirição, dizem sempre “bem, temos de fazer a reforma hospitalar mas na vossa zona/hospital vai ficar tudo igual”!!! (Infelizmente, ainda há quem acredite!). 

As populações têm razões para recear o futuro. O subfinanciamento crónico das unidades de saúde está para continuar e vai agravar-se em 2015 face às orientações da ACSS. A redução do financiamento das unidades de saúde tem provocado dramáticas carências de recursos humanos. Médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, administrativos e outros trabalhadores faltam um pouco por todo o lado. A falta de recursos leva à deterioração de instalações, ausência de manutenção e substituição de equipamentos, à falta de materiais indispensáveis à prestação de cuidados de saúde.

Se à aplicação da Portaria 82/2014, juntarmos a ideia de juntar todos os hospitais do distrito numa única entidade, teremos a tempestade perfeita para dificultar de forma dramática o acesso a cuidados de saúde. E a julgar pelo entusiasmo com que o Governo fala nas “vantagens da concentração de serviços”, dá a entender que a decisão está tomada relativamente à junção das unidades hospitalares, esperando apenas bom ambiente político e social.
Não desistiremos de, com as populações e com todas as entidades interessadas, continuar a exigir: 

A REVOGAÇÃO DA PORTARIA 82/2014; 

MANTER E DINAMIZAR AS VALÊNCIAS HOSPITALARES; 

URGÊNCIA, MEDICINA INTERNA, PEDIATRIA E CIRURGIA GERAL nos quatro hospitais; 

ARTICULAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE; 

MANTER AS DUAS MATERNIDADES NO DISTRITO (Abrantes e Santarém); 

MAIS MÉDICOS e outros profissionais NOS CENTROS DE SAÚDE; 

FARMÁCIAS NOS MEIOS RURAIS; 

CUIDADOS DE SAÚDE DE PROXIMIDADE E QUALIDADE!

A resistência está em marcha e vai continuar:

1.
Mais de quatro centenas de profissionais da saúde, autarcas, dirigentes associativas e entidades diversas aderiram ao MANIFESTO “Em defesa do SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE! POR CUIDADOS DE SAÚDE DE PROXIMIDADE E QUALIDADE EM TODO O DISTRITO DE SANTARÉM!”. 

2.
Vai realizar-se um FÓRUM distrital para debate sobre o futuro da prestação de cuidados de saúde no distrito. Serão convidados a participar todas as entidades oficiais, autarquias, organizações populares e de trabalhadores e deputados distritais. Esta iniciativa terá duas sessões, uma em Tomar (a 20 de Setembro) e em Santarém (a 18 de Outubro). Estas datas estarão dependentes da informação da disponibilidade dos espaços que foram solicitados.

« MUSP SANTARÉM»

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