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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Portugal reduziu mais as desigualdades em quatro anos do que a Grécia em vinte"

“Em termos relativos, Portugal reduziu mais as desigualdades em quatro anos do que a Grécia em vinte”. Quem o diz é Ana Llena-Nozal, economista do Departamento de Emprego e Assuntos Sociais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que esteve directamente envolvida na elaboração do relatório, ontem divulgado, que conclui que há trinta anos que não era tão profundo o fosso entre riscos e pobres, na generalidade dos mais de trinta países da instituição.
O estudo tenta traçar um panorama das desigualdades sociais até 2008, antes do eclodir da Grande Crise, mas apresentava várias lacunas relativamente a dados mais recentes referentes a Portugal. Esse facto deveu-se a uma quebra nas séries estatísticas portuguesas, devido a alterações metodológicas decididas pelo Instituto Nacional de Estatística.
Em declarações ao Negócios, Ana Llena-Nozal diz que os dados disponíveis permitem, ainda assim, tirar conclusões relevantes em termos de dinâmica. Apesar de Portugal continuar a ser o sexto país da OCDE com maiores desigualdades, a economista constata que houve uma inversão de marcha significativa algures na primeira metade da década de 2000.
“Sabemos que a desigualdade aumentou consideravelmente, quase 30 pontos percentuais, entre meados de 1980 e o ano 2000. As novas séries estatísticas mostram, contudo, que houve uma inversão de tendência: a desigualdade de rendimentos das famílias caiu 8% entre 2004 e 2008”.
Medidas pelo coeficiente de Gini, as disparidades passaram de 0,38 para 0,35, o que significa que os 10% mais ricos tinham rendimentos quase 13 vezes superiores aos dos 10% mais pobres, e que passaram a ter dez vezes mais.
Esta dinâmica coloca Portugal entre os países da OCDE que mais fizeram para reduzir as disparidades – embora estas continuem a ser tremendas. “Em termos relativos, Portugal reduziu mais as desigualdades em quatro anos do que a Grécia em vinte”, exemplifica a economista da OCDE.
Essa tendência decorrerá da evolução dos salários, mas sobretudo da maior abrangência das políticas sociais e do efeito de medidas como o rendimento mínimo garantido, já revisto.
«JN»

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