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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um péssimo político como Primeiro-Ministro


Opinião

Depois de ontem ter ouvido o comunicado de Pedro Passos Coelho ao país conclui que o nosso Primeiro-ministro é ingénuo e ainda não percebeu com que povo está a lidar.

Ontem veio falar aos portugueses para lhes dar contas da situação actual. Para tentar que entendamos todos que a situação actual é pior do que todos pensávamos, mesmo não revelando quanto pior, nem apontando dedos a ninguém (o que lhe faz mal mas só lhe fica bem). Veio e falou antes de apresentar o orçamento. Falou muito, durante 19 longos e dolorosos minutos, e o que disse foi, aos ouvidos de cada um: isto está mal e vocês vão sofrer, espero que entendam. Mas a maior parte das pessoas não entende. E não entende porque o Pedro Passos Coelho decidiu falar aos portugueses apenas daquilo que lhes vai doer e não de tudo o que vai ser feito porque, deve ele achar, os portugueses vão ler, ou saber de alguma forma, o resto. Mas não, a maioria das pessoas não vai ler, nem vai saber, nem quer saber. O que lhes importa é que o leite com chocolate vai aumentar, vão perder o subsídio de férias e de natal em 2012 caso ganhem mais de 1000 euros, vão ter de trabalhar mais meia hora por dia... isto é que os incomoda e os revolta.
Tudo o resto é acessório.
Assim, e como o que ouvi ontem foi também, “estão a ir-me à carteira”, fiquei zangada e revoltada. E fiquei assim porque pensei, como a maioria de nós: mas porquê sempre aos mesmos? porque não vejo eu outras acções que mexam, de facto, na despesa, promovam o investimento e a honestidade. Hoje, depois de passar a noite fui pesquisar o orçamento e reparo que:

- As associações e outras entidades privadas vão passar ver o seu financiamento público divulgado.
- Vão reduzir os cargos dirigentes nos serviços públicos.
- O salário dos gestores públicos vai ter um tecto máximo não podendo ser superior ao salário auferido pelo Primeiro-ministro.
- Os administradores das empresas públicas que não paguem aos fornecedores em tempo útil «incorrem em responsabilidade financeira e disciplinar». Que é como quem diz: vamos arranjar forma de tentar despedir os tipos que estão a receber milhares de euros e a fazer um péssimo trabalho.
- Membros do Governo só podem deslocar-se em classe executiva nas viagens de avião superiores a quatro horas.
– O Governo pode vir a reter quase 200 milhões de euros das transferências orçamentais para a Madeira devido à violação dos limites de endividamento apurados em 2011, de acordo com uma versão preliminar do orçamento para 2012
- As autarquias terão obrigatoriamente de reduzir no mínimo em 15 por cento o número de cargos dirigentes nos primeiros seis meses de 2012.

Entre outras coisas na redução da despesa (como a reestruturação de empresas estatais) e na promoção do investimento como acções para a promoção da exportação.
E eu pergunto-me: porque não falou Pedro Passos Coelho destas coisas ontem? Penso que terá sido porque não são coisas que nos afectem directamente e o primeiro-ministro terá considerado que apenas era importante comunicar-nos aquilo que nos toca, para compreendermos, para aceitarmos... mas foi um erro e revela desconhecimento e muito pouco jeito para a política e o marketing. As pessoas não querem saber que vão sofrer, as pessoas gostam de saber que os outros vão sofrer... só depois se pode dizer: eles vão sofrer mas a vocês também toca. Se fosse o anterior primeiro-ministro tinha feito exactamente o oposto! Comunicava o que ia fazer aos outros, referia que iam ser momentos difíceis e, quando déssemos por ela estava a tocar-nos especialmente a nós e os outros, afinal, nem sentiam. Este faz o contrário porque é um péssimo político. Na verdade a mim, particularmente, até anima ter alguém como primeiro-ministro que tenha tão pouco jeito para a política e para o marketing, farta de políticos ando eu. Mas não lhe auguro grande futuro se continuar a ser assim neste país...
Por: Sara Jofre

4 comentários:

Anónimo disse...

Pedro Passos Coelho volta a responsabilizar o PS pelo que ontem anunciou ao País.

O primeiro-ministro reconheceu hoje que as medidas de austeridade que ontem anunciou no âmbito do Orçamento do Estado para 2012 vão além do memorando da 'troika' mas voltou a responsabilizar o PS pela necessidade de tais medidas.

"As medidas que constam do orçamento são minhas mas o défice que as obriga não é meu", reagiu Pedro Passos Coelho no debate quinzenal no Parlamento, depois do PS o acusar de estar a ultrapassar a austeridade que tinha sido imposta pelo FMI, BCE e Comissão Europeia.

Até aqui foi fartar vilanagem. Foi o forrobodó total. Grandes obras públicas entregues aos melhores amigos. Empresas públicas entregues aos melhores amigos e aos boys. Agora estas medidas radicais, compreendem-se de certa maneira e têm de se aceitar mesmo sabendo que o país não morre do mal vai morrer da cura. Disso não tenhamos grandes dúvidas. Todos nos interrogávamos de onde vinha tanto milhão apregoado. Quem criticava os gastos sumptuosos era logo apontado como do contra.

Agora todos temos o que merecemos. Pena que pague o justo pelo pecador. Porque muitos de nós nunca concordamos com esta forma de governar o país.

Anónimo disse...

Boa análise.
O mais caricato disto tudo é que os responsáveis da conta que agora nos foi entregue se acoitam no parlamento na bancada PS, e na Presidência da República na pessoa daquele senhor que comunica com o povo pelo Facebook, que raramente se engana, e que nunca tem dúvidas.
Este "presidente avestruz" que nos diz que terão de nascer duas vezes para serem mais sérios do que ele, é o mesmo que por duas vezes (coincidência) não viu que estava rodeado de verdadeiros criminosos de colarinho branco.
Da primeira vez pelos seus ministros referenciados em tudo o que é crime e roubo público, da segunda por outra alcateia que dobrou em meia dúzia de anos o endividamento do País.
Claro que se fosse questionado sobre isto diria o costume " O P.R. não se pronuncia sobre temas dessa natureza".
Pobre povo que tal gente elegeu.

Maria Soares da Silva disse...

Maria Soares da Silva De facto PPC não tem a experiência politica nem as artimanhas de socrates para levar o povo a certa.Anunciar este pacote de austeridade à classe média sem o anuncio de cortes no estado, foi um erro politico.Mas considerando que o tivesse feito,(o que se lê no OE relativo a esta matéria) é muito pouco significativo.No entanto anuncia-lo poderia "limpar" um pouco a sua imagem.
(Facebook)

Maria Soares da Silva disse...

Maria Soares da Silva Mas o importante é que o "zé povinho" se indigne perante toda a classe politica principalmente contra aqueles que conduziram a esta situação.Porque o que fizeram é crime e como tal deveriam ser julgados (incluo aqui o AJJ que depois de nos roubar descaradamente, ainda conseguiu ser eleito com maioria absoluta).Em terra de cegos ...
(Facebook)