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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desempregados só trabalham se receberem “por fora” para que não perderem o subsídio de desemprego


João Paulo Duarte, para além de empresário no ramo rodoviário também é agricultor, tem 50 pessoas a trabalhar no campo, distribuídos entre a Quinta de Malpique e os 12 hectares que explora em A-dos-Cunhados. «Destes 50 empregados, uma dezena são tailandeses» mas precisa de muito mais.
Para garantir a colheita nos próximos meses recorreu ao Centro de Emprego. «Tínhamos 80 candidatos portugueses, mas só seis é que ficaram, Os restantes não quiseram assinar». Depois, contactou empresas de trabalho temporário. «Dois jovens desapareceram depois do lanche da manhã».
A solução está em contratar tailandeses que aceitam trabalhar aos sábados domingos e feriados.
Mas João Paulo Duarte não consegue esconder a sua irritação. Critica o subsídio de desemprego que considera «amarrar homens e mulheres ao conforto de casa, quando há trabalho (sazonal e temporário) para quem quiser». «Só aceitam se receberem (o salário) por fora para não perderem o subsídio. Das pessoas que estão na apanha neste momento no nosso país, 80 por cento estão a receber por fora».
O empresário paga a todos por igual e explica a falta de portugueses por causa da dependência do subsídio.
Para além disso, os portugueses «acham que é desprestigiante trabalhar na agricultura». Paga aos tailandeses o ordenado mínimo, horas extras, subsídio de alimentação e férias, e garante o alojamento numa casa equipada.
Em média, com a calma tailandesa (característica própria) apanham 40 por cento mais quilos (de fruta) do que um português e torna-se difícil para Duarte ter uns que apanham 1050 quilos e outros 600.
António Centeio
Fonte: “Público”

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