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terça-feira, 5 de julho de 2011

Alternativa de esquerda quer ir a votos para governar

As águas na esquerda política estão a agitar-se. A norte do país (Porto e Coimbra), os subscritores do manifesto "Convergência e Alternativa" já falam abertamente num "projecto político alternativo". "É mesmo para ir a votos" nas próximas legislativas, avisa o economista Jorge Bateira, um dos promotores. No barco estão alguns dos renovadores comunistas e também socialistas insatisfeitos.
O manifesto que foi publicado online em Maio terem já conta com mais de 500 subscritores e nasceu depois das derrota da esquerda nas presidenciais no início deste ano. As últimas legislativas vieram "confirmar" a tese, garante ao i Jorge Bateira: "Há uma janela de oportunidade que nós vimos logo a seguir às presidenciais, com a quantidade de votos nulos e em branco registada. Não podemos continuar sem fazer nada." Foi por isso que na semana passada já houve reuniões em Lisboa que juntaram subscritores do manifesto e movimentos ligados à esquerda, como a ATTAC -plataforma portuguesa, a Portugal Uncut (movimento anti-austeridade) e o Movimento 12 de Março (mais conhecido por geração à rasca). A ideia é concretizar um encontro alargado no breve prazo, para tomadas de posições comum na contestação às medidas de austeridade.
E as últimas legislativas trouxeram capital valioso para quem quer estruturar uma força política numa área onde reinam três: o Bloco de Esquerda perdeu terreno e a renovação começa a ser pedida, agitando o partido. Entre os que estão à frente do manifesto, há mesmo quem atire forte ao Bloco, "porque não foi proactivo, colocou-se de parte na governação. Falhou no seu papel de inflectir políticas", numa referência à ausência do partido das rondas negociais com a troika. Cativar bloquistas insatisfeitos e com visibilidade pode ser um passo importante.
Mas a ideia do novo movimento que está em fase embrionária não é partir com os partidos que existem. "Com a esquerda esfrangalhada não se vai a lado nenhum", adverte Jorge Bateira, que deixou a militância socialista no início de 2009. Antes das eleições que levaram o PSD ao poder, os promotores do manifesto já se tinham encontrado com a direcção do Bloco, num "esforço de convergência à esquerda". A mesma reunião foi pedida ao PCP e até ao PS, mas sem resposta. A ideia, diz Bateira, passa por "não excluir ninguém. A linha de demarcação é a oposição ao memorando e às políticas de austeridade". E o economista doutorado na Universidade de Manchester vaticina: "Estamos convencidos de que estamos a caminhar para uma situação como a da Grécia." O movimento está, aliás, apostado em congregar forças, aproveitando "o movimento social forte" que espera ver nas ruas com a aplicação do plano da troika.
Entre os subscritores aparece Ana Benavente, ex-secretária de Estado de António Guterres, mas também sindicalistas como António Avelãs (do Sindicato de Professores da Grande Lisboa) e muitos dos nomes que integram a Renovação Comunista, incluindo o seu presidente Paulo Fidalgo. Numa altura em que os manifestos se multiplicam, Bateira garante que este não é mais um: "O país está cheio de manifestos, mas agora é preciso fazer." Evita chamar-lhe "novo partido", mas fala sem sombra de um "projecto político alternativo". De governo e não de protesto", remata.
«I»


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