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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Desta vez, vão perder…

São sempre os mesmos. Vêm de todos os partidos ou de nenhum. Não têm política mas há muito que se servem de todas. Possuem presença firme e antiga nas fendas de este regime que crêem propriedade sua. O seu principal elemento distintivo é a resistência à mudança: em suma, eles, todos e em uníssono, preferem sempre que tudo continue como dantes. Se nos perspectivarmos pelo seu ponto de vista específico, no fundo, estão carregadinhos de razão – foi com as coisas como elas estão que eles conseguiram vivificar, ser gente e colocar o Estado ao seu serviço, década após década; logo, qualquer remota hipótese de alteração do status quo assume o tom de ameaça.

É facílimo identificá-los: são aqueles que rosnam contra o fim do regabofe das fundações; os que garantem que colocar algum rigor nas empresas municipais redundará no fim da civilização tal como a conhecemos; os muitos que juram que a Lei dos Compromissos vai paralisar o País; os que asseguram que Portugal tem o dever moral de manter uma televisão pública em concorrência com as privadas e que o Estado deve pagar anualmente indemnizações compensatórias à RTP de valores crescentes (este ano serão 508 milhões de euros); os que aconselham “calma” ao Governo, aqueles que pedem “abrandamento” nas Reformas, os que afirmam que “não se pode querer mudar tudo ao mesmo tempo”, e por aí adiante…

Odeiam este Governo. Não por ideologia mas apenas porque não estão habituados a serem desafiados no núcleo duro dos seus interesses.

Têm voz em toda a parte e falam como se defendessem o interesse público – questão que nunca os inquietou. Vêm acompanhados de múltiplos seguidistas embrulhados em embalagens variadas e de um infindável cortejo de idiotas úteis que trauteiam tautologicamente as melodias encomendadas sem nunca suspeitarem que o são.

Façam como cantava o Zeca: não se deixem “enganar com o seu ar sisudo” e nunca “lhes franqueiem a porta à chegada”. Sobretudo, não prescindam da capacidade de raciocínio próprio.

Eles estão aí e quase sempre estiveram aí – só que, desta vez, vão perder.
http://blasfemias.net/2012/08/11/desta-vez-vao-perder/


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