Realça o Público que a tendência de aperto de regras, definida nos primeiros pactos de estabilidade e crescimento, e depois acentuada com o período de vigência do memorando da troika, mostra com clareza a quebra progressiva, desde o verão de 2010, nos apoios sociais.
Em quatro anos cerca de um milhão de portugueses perdeu apoios sociais. Desde 2010 que a tendência se tem agravado. Abono de família, rendimento social de inserção (RSI), complemento solidário de idosos (CSI) e apoios a jovens com necessidades especiais, tudo diminui nestes anos. E até nos subsídios de desemprego se notam as diferenças: quase metade dos desempregados já não tem subsídio, conta o Público.
Ao nível dos abonos de família, há menos 666.526 pessoas a receber este apoio. Já ao nível do RSI o valor desce em 312.709 (para que se perceba, havia mais de meio milhão a recebê-lo em 2010, agora são cerca de 213 mil). Só aqui há cerca de um milhão de portugueses a receber menos apoios, como se percebe dos números que o Público cita do Instituto de Segurança Social.
A tendência contraria o senso comum, de que em época de crise mais pessoas receberiam apoios. Na realidade, é o contrário que se tem confirmado. Só entre agosto de 2013 e agosto de 2014, praticamente um quarto dos idosos que recebia o CSI deixou de o receber. Há dois meses havia 172.854 a receber apoio. Em agosto de 2010 eram 246.664.
Entre os apoios a jovens com menos de 24 anos com necessidades especiais, a ‘razia’ é ainda maior. Há um ano haveria 6.053 a receber apoio. Em julho deste ano seriam 4.582. Um mês depois, no entanto, já só as famílias de 1.401 jovens é que recebiam ajudas estatais.
A taxa de risco de pobreza só não é maior porque as contas mudaram, conta o mesmo jornal. Em 2009 era de 17,9%. Em 2012 estava nos 18,7%. Esta taxa aplica-se a quem viva com menos de 60% do rendimento mediano por adulto equivalente. Um valor que em 2009 era de 439 euros. Em 2012, no entanto, era de 409 euros. Só não havia mais pobres porque a própria média tinha ‘empobrecido’.
«NM»
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